Não faltam candidatos à sucessão do presidente Michel Temer, para o mandato-tampão até 2019. Havia uma tendência de que escolher um congressista (deputado ou senador), mas as negociações principais seguem caminhos diversos, porque este pressuposto escantearia muitos supostos candidatos, como Henrique Meirelles, Nelson Jobim, Geraldo Alckmin, Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia, Ciro Gomes e Fernando Henrique Cardoso, que dá entrevistas diárias e luta incessantemente para ser indicado pelo PSDB, tentando desalojar o senador Tasso Jereissati que tem apoio de muitos tucanos.
PT ESTÁ DE FORA – Quando ao PT, insiste em pedir eleições diretas, nem ousa lançar candidato e no final vai apoiar qualquer um que se disponha a continuar combatendo a Lava Jato. Detalhe: tudo depende das circunstâncias e essa posição do PT pode significar até apoio ao candidato do DEM, deputado Rodrigo Maia, que vai assumir por 30 dias no lugar de Temer e só pensa naquilo.
É certo que outros candidatos podem até se lançar, mas somente para marcar presença e ganhar visibilidade política, de olho em 2018, como Jair Bolsonaro (PSC), Álvaro Dias (Podemos, ex-PTN), Ronaldo Caiado (DEM), Ciro Gomes (PDT) e Cristovam Buarque (PPS), entre outros que sonham com o poder, mas o certo é que, na disputa atual, todos estão fora do páreo.
PMDB É FAVORITO – Não importa quem venha a ser candidato na primeira eleição presidencial indireta da História do Brasil, o PMDB é quem corre com mais chances, embora não tenha candidato. Motivo: quem está no poder agora, formando a base aliada do atual governo, com toda certeza quer manter os espaços conquistados. Isto significa que, se o candidato do PMDB (maior partido do Congresso e atual detentor do poder) tiver jogo de cintura e fechar acordos, dificilmente será derrotado.
Na ilusão de voltar à Presidência, FHC tem usado todas as armas. Além das entrevistas quase diárias, busca encontrar apoio entre os políticos e os empresários, corteja abertamente o PT, mas comete erros realmente primários. No dia seguinte ao escândalo da JBS, publicou um texto nas redes sociais em que defendeu a renúncia de Temer. Disse que, caso as alegações da defesa dos implicados na delação da JBS não fossem convincentes, estes “terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia”, referindo-se claramente a Temer.
Na empolgação, bancou o idiota e ligou para Nelson Jobim, o ex-ministro e ex-presidente do Supremo, pedindo-lhe para dar início a uma articulação com o PT para eleger o substituto de Temer. A tese ilusória de FHC é de que, em 2018, todos poderão se enfrentar, mas agora o momento é de união.
PERFIL DO CANDIDATO – FHC pensa que será eleito indiretamente pelo Congresso, porque tem o perfil do candidato ideal para conquistar a maioria dos votos. Como se sabe, para ser sucessor de Temer, os pressupostos exigidos são os seguintes, não necessariamente nesta ordem: 1) Ser corrupto, mas parecer honesto; 2) Ter trânsito nos partidos da situação e da oposição; 3) Prometer boicotar a Lava Jato, mas sem dar na vista; 4) Fazer acordo com os banqueiros e líderes empresariais.
É claro que FHC preenche, com louvor, todos os pré-requisitos. E acrescenta a longa experiência político-administrativa, mirando-se no exemplo do lendário Konrad Adenauer, que foi eleito para governar novamente a Alemanha aos 85 anos, exatamente a idade que FHC tem hoje.
Mas acontece que o guru do PSDB esqueceu um detalhe fundamental – há outros políticos que preenchem os mesmos pressupostos. E o principal deles chama-se Nelson Jobim, a quem FHC ingenuamente delegou poderes para negociar a sucessão de Temer em nome do PSDB, vejam como a política brasileira é enlouquecida a necessita sempre de tradução simultânea.
JOBIM, IMBATÍVEL – Dispondo da carta-branca de FHC para fechar acordos, o trêfego e corrupto Nelson Jobim tornou-se fortíssimo candidato à sucessão e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, espertamente já passou a atuar como cabo eleitoral dele.
Renan passou a defender abertamente a eleição indireta pelo Congresso, e se declarou disposto a apoiar os nomes de ministros do Supremo, citando Joaquim Barbosa, Nelson Jobim e Gilmar Mendes, que seriam “candidatos naturais”, mencionando também Geraldo Alckmin e “algum governador do Nordeste”. Por coincidência, entre os citados por Renan, o ex-ministro Jobim é o único que deve disputar a eleição.
O fato concreto é que Temer está acabado, é carta fora do baralho, e Nelson Jobim, o protetor dos banqueiros, que fraudou a Constituinte para garantir o pagamento da dívida pública aos bancos, almoçou nesta quarta-feira com 200 dirigentes de instituições financeiras, negou ser candidato, alegando que sua mulher não deixa, mas já mandou fazer um terno novo, para tomar posse.
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PS – O problema de Jobim é que não conhece a maioria dos congressistas, ao contrário de Rodrigo Maia, que os chama pelos nomes. Na certeza da vitória, Rodrigo Maia também já tirou as medidas para um terno novo, porque a ansiedade faz com que ele esteja engordando cada vez mais. Na verdade, ninguém sabe quem será o novo presidente. O que se sabe é que não será melhor nem pior do que FHC, Lula, Dilma e Temer. Será mais do mesmo, como dizia nosso amigo Carlos Chagas. Como o assunto é preocupante e até decepcionante, voltaremos a ele amanhã. (C.N.)
26 de maio de 2017
Carlos Newton
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