"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

FALTA DE CONTROLE NAS MANIFESTAÇÕES DÁ MUNIÇÃO PARA A MÍDIA E O GOVERNO


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A quem interessa esse tipo de radicalização?
A falta de controle, por parte dos comitês de organização da manifestação de quarta-feira, dia 24, em Brasília, acabou sabotando a pauta que levou a maioria dos manifestantes à Praça dos Três Poderes, que era a de pedido de realização de eleições diretas e de repúdio às reformas trabalhista e previdenciária. Manifestação da oposição, qualquer que seja ela, não pode ser feita sem a organização de comitês de segurança formados por gente de confiança escolhida entre os próprios manifestantes.
Se até nos blocos dos trios elétricos de Salvador dá para separar o público, bastando para isso um cordão humano e uma simples corda, porque não tentar fazer o mesmo em uma manifestação dessa importância?
FAZER REVISTA – Não é a polícia que tem que revistar os “participantes”. Como ocorre em muitos países estrangeiros, quem tem que fazer isso, primeiro, são os próprios manifestantes, para possibilitar a rápida identificação de fascistas e infiltrados pagos que ali estão recebendo justamente para garantir que a imprensa e a opinião pública tenham razões suficientes para ficar contra e desancar quem está protestando.
Em política, qualquer cena de destruição e violência é passível de ser aproveitada pelo adversário. Ao final da tarde de quarta-feira em Brasília, a TV já reforçava, a todo instante, a ocorrência de atos de “vandalismo”. Justificava, com isso, a truculência da polícia, e lembrava, a cada cinco minutos, que se tratava de manifestações organizadas e “pagas” por centrais sindicais. Reforçando, indireta e gostosamente, a bandeira do enfraquecimento dos sindicatos e do fim do imposto sindical obrigatório.
FORÇAS ARMADAS – E a convocação de tropas das forças armadas pelo presidente da República, em absurda “ação de garantia de lei e da ordem”? A mídia não esclareceu, com a mesma ênfase, que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já havia desmentido ter pedido – em gesto por si só já absolutamente desnecessário e inadequado – tropas do Exército, e, sim, da Força Nacional, para “colaborar” com a polícia do Distrito Federal na “defesa” dos prédios da Esplanada dos Ministérios.
Um pouco de estratégia e de informações históricas não fazem mal a ninguém. O Movimento das Diretas Já só deu certo, do ponto de vista da ampla e bem-sucedida mobilização da sociedade brasileira – embora tenha perdido no Congresso depois -, porque era suprapartidário, reunia as mais importantes organizações da sociedade civil, como a Igreja, a UNE e a OAB, tinha sido “costurado” politicamente antes de sair para a rua, era ordeiro, organizado e pacífico e primava pela organização.
NUNCA NO IMPROVISO – Vou falar o que penso, porque não sou vaquinha de presépio. Compreende-se a necessidade da oposição ir à luta nessa hora, em defesa, principalmente, da democracia.
Mas se for para sair no improviso, de qualquer jeito, e acabar servindo de plataforma para a ação de provocadores fascistas, dando tiro pela culatra, ajudando a parte mais canalha da mídia a justificar a truculência da polícia, o enfraquecimento dos sindicatos e o golpismo, insuflando as vivandeiras dos quartéis e alimentando um novo golpe dentro do golpe, quem saiu para as ruas que me desculpe, mas é melhor ficar em casa assistindo, indignado, pela televisão, à ação dos infiltrados e à deprimente repetição de velhos e costumeiros descuidos do passado.

26 de maio de 2017
Mauro Santayana

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