"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

DELAÇÃO DA ODEBRECHT, UM VENDAVAL QUE ABALA O GOVERNO E O PRÓPRIO PAÍS


A delação liderada por Marcelo Odebrecht, seguida por nada menos que 76 executivos da maior empreiteira do país, representa um verdadeiro vendaval – como destaca a reportagem de Jailton de Carvalho, Júnia Gama e Simone Iglesias, O Globo, edição de quinta-feira – que inevitavelmente vai abalar o governo e o próprio país, além de expor grande parte da classe política a um julgamento ainda pior que faz dela a opinião pública brasileira. São nove meses de longas negociações que resultam, é claro, numa enciclopédia sobre a corrupção brasileira, que inclusive projetou-se no exterior.Resultado de imagem para listao da odebrecht charges
Vai abalar o governo Michel Temer, logicamente atingindo titulares de sua equipe. A vulnerabilidade política não resiste ao impacto sem que aconteça um reflexo profundo. Afinal de contas se o Palácio do Planalto tomou a iniciativa de blindar o ministro Geddel Vieira Lima, o que se propõe a fazer para resistir ao vendaval chamado Odebrecht? Pode pensar nessa hipótese, porém concretamente nada poderá fazer.
DECISÃO DO IPHAN – Necessário acentuar que o ministro Roberto Freire, novo titular da Cultura, em declarações ao Jornal Nacional da Globo, noite de quarta-feira, afirmou textualmente ser favorável à decisão do Iphan contrária à construção do polêmico edifício na Ladeira da Barra, Salvador.
Se a blindagem não foi capaz de conter Roberto Freire, muito menos poderá conter o vendaval impulsionado pela Odebrecht, não só testemunha, mas personagem maior do gigantesco esquema de corrupção que fez explodir a economia e a administração do Brasil. O assalto ao erário público foi institucionalizado. Os honestos passaram a ser mal vistos. De qualidade, ser honesto transformou-se num defeito.
Nenhuma fonte mais qualificada que a Odebrecht para comprovar a atmosfera que já levou vários ladrões à prisão. A empresa dominava a Petrobras, o governo do Rio de Janeiro, a Aviação Civil. Basta citar que era concessionária do aeroporto Tom Jobim, do Maracanã, e de todo um sistema extraordinário de obras públicas. Não se limitava às fronteiras brasileiras. Atuava em Angola, em Cuba, na Venezuela, para ficarmos apenas nestes exemplos.
APOIO DO BNDES – A Odebrecht atuava no exterior com suporte do BNDES através de financiamentos com juros abaixo dos cobrados usualmente pela rede bancária. Com base num programa de incentivo (aos lucros) firmava contratos com juros até abaixo da inflação brasileira. Um polvo com múltiplos tentáculos. Somente uma parte do universo político escapava à sua rede traçada e projetada a partir de um aço fino produzido a partir de processos de sedução.
Personagem e testemunha. Agora, com o vendaval, trocou de papel. Afastou-se da corrupção, assumiu o papel de testemunha de acusação do enredo corrupto de sedução. Nessa transferência, com a delação, personaliza muitos corruptos. As doações eleitorais eram um bom pretexto, uma espessa cortina para disfarçar roteiros e destinos do produto ilegal de uma sequência consolidada de superfaturamentos, termos aditivos aplicados em contratos de bilhões. De reais?
De reais, só, não. De dólares, como aconteceu na refinaria Abreu Lima. E se a Odebrecht instalou e colocou em atividade um banco na Suíça para operar os resultados de um propinoduto imenso, é porque existiam centenas de correntistas. Eles têm face e nome. Vão surgir a partir de agora. As imagem abalam o Planalto e a planície.

25 de novembro de 2016
Pedro do Coutto

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