A 31ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Abismo” tem como alvo principal o ex-tesoureiro do partido Paulo Ferreira — mais um na lista de tesoureiros petistas enrolados com a Justiça. Contra ele foi emitido um mandato de prisão preventiva e outro de busca e apreensão. Mas ele já está detido por conta da Operação Custo Brasil, que investiga fraudes em empréstimos consignados elaborados pela empresa Consist, em parceria com o Ministério do Planejamento. O juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de R$ 5 milhões do ex-tesoureiro do PT.
A operação foi deflagrada nesta segunda-feira pela Polícia Federal para investigar contratos da Petrobras com o centro de pesquisas (Cenpes) que geraram novos repasses de recursos ao PT. A nova ação derruba qualquer esperança, inclusive no PT, de que Ferreira pudesse conseguir um habeas corpus para deixar a cadeia.
Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antônio Dias Toffoli mandou soltar o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo e o empresário Dercio Guedes de Souza. A alegação era de que os motivos alegados para as prisões preventivas eram frágeis. Por isso, havia a expectativa de que Ferreira também fosse libertado.
AGORA FICOU DIFÍCIL – As coisas mudaram agora de figura. Com mais um mandado de prisão emitido contra ele, em uma outra fase da Operação Lava-Jato, fica muito difícil para a defesa conseguir que o ex-tesoureiro do PT responda em liberdade às acusações que pesam contra ele.
Além disso, entre os correligionários de Ferreira existe o temor de que ele não seja tão resiliente como outros petistas que exerceram a mesma função e acabe por ceder à pressão para negociar uma delação premiada. E realmente Ferreira tem dado sinais explícitos, nos últimos dias, de que está magoado com o partido, sentindo-se abandonado por seus pares.
OUTROS TESOUREIROS – A situação é diferente, pelo menos por enquanto, em relação aos demais tesoureiros do PT que respondem à Justiça. João Vaccari Neto tem se mantido calado, impassível, apesar de duas condenações, até o momento, que somam quase 30 anos de detenção.
O antecessor de Ferreira no posto, Delúbio Soares, já cumpriu, inclusive, pena de prisão após ser condenado no esquema do mensalão. Ambos ficaram calados e se recusaram a entregar possíveis operações escusas praticadas pela legenda.
O que chama a atenção é que o novo mandado de prisão contra Paulo Ferreira reforça o modus operandi de captação irregular de recursos, com base em contratos fraudulentos e cobranças de propinas, praticados pelos tesoureiros do PT desde que a legenda chegou ao poder.
DELÚBIO, VACCARI E EDINHO – O primeiro deles foi Delúbio Soares, que comandava as finanças do partido quando estourou o escândalo do mensalão. Delúbio foi condenado, mas acabou tendo sua pena extinta pelo STF. Na Lava Jato, ele voltou ao foco na Operação batizada de Carbono 14, que investiga um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões obtido por José Carlos Bumlai no banco Schahin, em 2004.
Vaccari é réu pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Tem penas que totalizam 26 anos e 4 meses de cadeia e ainda está para ser julgado em outras três ações criminais da Lava-Jato.
Embora não tenha sido tesoureiro do PT, mas da campanha presidencial de 2014, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Edinho Silva também é investigado pela Lava-Jato. Candidato a prefeito de Araraquara pelo PT, ele quer, inclusive, antecipar a própria defesa à Justiça. Edinho é acusado de pressionar empreiteiras a contribuir com a campanha da petista em troca da manutenção de contratos com a Petrobras.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Atualizando o texto, em tradução simultânea, podemos dizer que a resilência (palavra da moda, podiam escrever resistência…) está no final. Motivo: já acabou a boca rica de Lula, não mais aparecem generosos e espontâneos patrocínios de empreiteiros à consultoria LILS e ao Instituto Lula. As fontes de Caixa 2 do PT também secaram, o dinheiro está acabando, não há mais condições de seguir sustentando as famílias dos petistas que estão presos, e era justamente isso que vinha evitando delações. O resultado é que Vaccari dá sinais de impaciência e ameaça fazer delação. O filme de suspense se torna cada vez mais emocionante. Quando o primeiro delatar, os outros virão atrás. E haja coração… (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Atualizando o texto, em tradução simultânea, podemos dizer que a resilência (palavra da moda, podiam escrever resistência…) está no final. Motivo: já acabou a boca rica de Lula, não mais aparecem generosos e espontâneos patrocínios de empreiteiros à consultoria LILS e ao Instituto Lula. As fontes de Caixa 2 do PT também secaram, o dinheiro está acabando, não há mais condições de seguir sustentando as famílias dos petistas que estão presos, e era justamente isso que vinha evitando delações. O resultado é que Vaccari dá sinais de impaciência e ameaça fazer delação. O filme de suspense se torna cada vez mais emocionante. Quando o primeiro delatar, os outros virão atrás. E haja coração… (C.N.)
06 de julho de 2016
Paulo de Tarso Lyra e Eduardo Militão
Correio Braziliense
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