Brasília fervilha de boatos. Todos querem saber quem é advogado (“considerado um dos melhores do país”) que está negociando delação premiada e já começou a denunciar ministros envolvidos em “relações nada republicanas”, no dizer do jornalista Jorge Bastos Moreno, que publicou a notícia no Globo, em absoluta primeira mão. Agora os boatos são de que, além dos ministros Francisco Falcão e Marcelo Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça, envolvidos em manobra armada por Dilma Rousseff para libertar os empreiteiros da Lava Jato, há também dois ministros do Supremo Tribunal Federal que se deixaram corromper.
A primeira vítima dos boatos foi o mais famoso advogado de Brasília, o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que liderou o abaixo-assinado contra o estilo de atuação do juiz Sérgio Moro e da força-tarefa da Lava Jato. Em mensagem à Tribuna da Internet, neste domingo, Kakay afirmou: “Éevidente que nada tenho com esta boataria e sou dos que torcem, há anos, para que seja feita uma investigação séria e profunda no Judiciário, onde há advogados que só fazem lobby, ‘vendem’ juízes e ministros”.
FERRÃO TAMBÉM NEGA – Outro importante advogado que tem sido vítima da boataria é Eduardo Ferrão, sócio do ex-ministro Nelson Jobim e que também dispõe de trânsito livre entre os integrantes do STJ e do Supremo. Citado em gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o ex-presidente da República José Sarney e o presidente do Senado, Renan Calheiros, Serrão negou manter contato com os políticos e rechaçou a possibilidade de interceder junto ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no STF.
“Em relação à referência a meu nome em diálogos veiculados pela imprensa, esclareço que em nenhum momento fui procurado por quem quer que seja para tratar do assunto ali mencionado. E mesmo que o fosse, rejeitaria veementemente solicitação de tal natureza”, diz o advogado, em nota distribuída à imprensa.
EMINÊNCIA PARDA – O fato concreto é que o ex-ministro Nelson Jobim é uma espécie de eminência parda na cúpula do Judiciário.
Trafega no poder com surpreendente desenvoltura e conseguiu ser nomeado ministro nos governos do PSDB e do PT, vejam a que ponto chegam sua habilidade e sua influência em Brasília.
Quando Jobim assumia ministério, seu escritório continuava a pleno vapor nas mãos de seu sócio minoritário Eduardo Ferrão, que chefia o contencioso.
Trafega no poder com surpreendente desenvoltura e conseguiu ser nomeado ministro nos governos do PSDB e do PT, vejam a que ponto chegam sua habilidade e sua influência em Brasília.
Quando Jobim assumia ministério, seu escritório continuava a pleno vapor nas mãos de seu sócio minoritário Eduardo Ferrão, que chefia o contencioso.
Bem, há outro advogado famoso que realmente está envolvido em “relações nada republicanas”, denunciado ao Supremo em maio pelo procurador-geral Rodrigo Janot. Trata-se do ex-ministro José Eduardo Cardozo. Segundo o pedido de abertura de inquérito, baseado na delação do ex-senador petista Delcídio Amaral, Cardozo participou da armação feita pela presidente Dilma Rousseff para nomear Marcelo Ribeiro Dantas para o STJ e torná-lo relator de um recurso para libertação de Marcelo Odebrecht e outros grande empreiteiros.
Dantas realmente foi nomeado por Dilma. Na condição de ministro estreante, recebeu a primeira petição apresentada após assumir, deu parecer favorável ao recurso, mas a manobra vazou. Denunciamos com antecedência aqui na Tribuna da Internet, Ribeiro Dantas foi derrotado por 4 a 1 e os empreiteiros continuaram presos.
SITUAÇÃO DELICADA – Com toda certeza, a gravidade dessas denúncias é imensa. Nunca houve comprovada corrupção de ministros de tribunais superiores, embora muitos deles tenham ostentado demonstrações de enriquecimento ilícito, e em sociedade tudo se sabe, como dizia Ibrahim Sued.
Nesta segunda-feira, o site Diário do Poder, do jornalista Cláudio Humberto, colocou ainda mais fogo na boataria, ao publicar a seguinte nota:
Bem, Brasília está pegando fogo e todo cuidado ainda será pouco, porque é nesse clima que la nave va, cada vez mais fellinianamente.
06 de julho de 2016
Carlos Newton
Nenhum comentário:
Postar um comentário