Cunha ia vencer por 10 a 9 e Araújo decidiu adiar |
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA) adiou para esta quarta-feira a votação do parecer que pede a cassação do mandato do presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O adiamento foi feito diante da perspectiva de derrota do parecer, já que a deputada que tem o voto considerado decisivo – Tia Eron (PRB-BA) – não compareceu à reunião desta terça-feira. A discussão foi encerrada e o relator, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), pediu um prazo para se manifestar sobre o voto em separado que dá pena de três meses de suspensão do mandato para Cunha.
ALIADOS PROTESTAM
Assim que anunciou o adiamento, aliados de Cunha fizeram um pequeno protesto, mas Araújo manteve a decisão. Último a discursar, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), afirmou que o processo contra Cunha não termina no Conselho de Ética. Que a batalha será no plenário da Casa.
– Se a gente não tirar essa laranja podre hoje, estaremos todos contaminados. Não adianta diluir. Fica com gosto de azedo. Mas esse processo não termina aqui. O Conselho faz uma recomendação, mas quem decide é o plenário. Temos que aguardar o voto da Tia Eron, mas ouvi de tudo aqui. Quer dizer que omitir pode, roubar não pode? E quem omitiu porque roubou, pode? – provocou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
PEDIDO DE PRISÃO
O pedido de prisão do presidente afastado da Câmara, feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), repercutiu na sessão do Conselho de Ética. O presidente do colegiado disse que o pedido denigre a imagem da Câmara e deve fazer com que os conselheiros reflitam sobre mais esse fato ao votar o parecer. Para Araújo, o procurador não teria feito o pedido ao STF se não tivesse base para isso.
— Não posso dizer se vai influenciar ou não o resultado. Mas sem dúvida denigre a imagem da Câmara e é algo para se refletir, os deputados terão que repensar, Janot não teria feito isso se não estivesse embasado. E Cunha, mesmo afastado, continua manobrando por aqui. O Conselho de Ética sente a cada momento os dedos do Cunha — disse Araújo.
Opositores de Cunha sustentaram que o pedido contra o presidente afastado reforça a necessidade de aprovação do relatório de Marcos Rogério (DEM-RO) que pede a cassação do mandato de Cunha.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É inacreditável a resistência de Eduardo Cunha. Se a votação tivesse ocorrido hoje, o parecer contra ele seria recusado. O baixo nível e a corrupção dominam a política brasileira, é a conclusão mais óbvia.(C.N.)
07 de junho de 2016
Isabel Braga
O Globo
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