A dívida pública do país, constituída através do tempo, atinge hoje quase 70% do Produto Interno Bruto Brasileiro. Ou seja, aproximadamente 3,7 trilhões de reais, já que o PIB oscila em torno de 5,6 trilhões de reais. A dívida pública, finalmente o Ministro da Fazenda reconhece, constitui o maior problema econômico do país. Basta levar em conta, como sempre assinalamos, que em cima dessa dívida recaem juros de 14,25% ao ano. Fazendo-se as contas, o resultado dessa operação de rolagem atinge, portanto, pouco mais de 400 bilhões de reais a cada doze meses.
Henrique Meirelles, além de competente, foi sincero na sua colocação. Sobretudo ao sustentar que o problema da redução da dívida interna é para ser resolvido pelo menos a médio prazo.
ESFORÇO IMENSO – Importante a afirmação do “primeiro-ministro” do governo Michel Temer, da mesma forma que importantes foram as reportagens de Valdo Cruz e Adriana Fernandes para compreensão coletiva da realidade econômica brasileira. Deram bem a ideia do esforço imenso que tem de ser feito para enfrentar e superar o maior problema que atinge nosso país.
A criação da CPMF, além de difícil aprovação pelo Congresso, produziria receita em torno de 32 bilhões de reais por ano, quantia insuficiente sequer para pagar 10% dos juros resultantes da rolagem da dívida Federal, cujo crescimento resulta da impossibilidade verificada até agora de o governo pagar o montante de juros por ano.
Se há impossibilidade de pagar os juros, que dirá da perspectiva de abater alguma parcela do estoque real do endividamento? Uma pergunta para a qual gostaria de receber as opiniões sempre abalizadas dos companheiros Flávio José Bortolotto e Wagner Pires.
ROLANDO A DÍVIDA – Mas não tendo dinheiro para cobrir os juros, o Banco Central emite novas notas do Tesouro para lastrear e capitalizar a operação de crédito. Com isso a dívida aumenta, podendo chegar como publicam as reportagens citadas, a uma escala de 75% do PIB e assim por diante, enquanto não forem estancadas as fontes do desequilíbrio.
Henrique Meirelles também colocou com nitidez uma outra questão essencial: a retomada do desenvolvimento econômico, sem o que o Brasil não poderá recuperar o tempo perdido sobretudo nos últimos três anos, governo Dilma Rousseff, pela queda da produção interna brasileira. Este desastre levou ao desemprego e, por consequência, à queda da arrecadação de impostos, afetando a capacidade de investimentos públicos e dos financiamentos a atividade privada, fatos também essenciais ao crescimento e à vida do país.
Amanhã, terça-feira, Henrique Meirelles deverá apresentar seu projeto de contenção de gastos públicos e ampliação da receita federal. Ao lado da questão econômica, encontra-se também o reflexo político das medidas a serem colocadas em prática.
TEMPESTADE POLÍTICA – O governo Michel Temer atravessa uma fase de tempestade causada principalmente pela denúncias de corrupção encaminhadas ao Supremo pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot. As ações de Janot atingem diretamente o Palácio do Planalto, na medida em que fazem balançar a base parlamentar do governo no Congresso Nacional.
Assim, Temer defronta-se com um problema cuja tendência é crescer ainda mais, na medida em que os fatos forem sendo apresentados e comprometendo aliados seus no Executivo e no Parlamento.
Henrique Meirelles buscou o equilíbrio no plano econômico ao colocar muito bem a questão essencial no plano da Economia. Mas qual o projeto que o presidente Michel Temer tem para a esfera política, indispensável para construir uma ponte sólida entre os dois lados? Até agora não se tem notícia.
13 de junho de 2016
Pedro do Coutto
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