O veterano jornalista Alexandre Garcia publicou artigo em vários jornais sobre "o direito de ser incorreto", direito que é negado pela ditadura do politicamente correto vigente no país (e no exterior também, é claro).
Ele não aborda a questão, mas a tal correção política é sobrevivência do esquerdismo atingido de morte pela queda do Muro de Berlim e pelo desmantelamento da União Soviética.
Assim, pode-se dizer que todo esquerdista é patrulheiro dessa nefasta doutrina politicamente correta.
Antes de reproduzir na íntegra o texto de Alexandre, lembro que a escritora Doris Lessing foi, provavelmente, a primeira pessoa a usar esta expressão, que é um escombro do comunismo (ver post de 2007; publiquei também aqui, em 2012, a tradução do artigo de Lessing para o New York Times, publicado em 1992):
Vivemos hoje sob uma nova forma de ditadura, a do politicamente correto. Na convivência, ficamos pisando em ovos para não sermos censurados em qualquer deslize de expressão do que somos e sentimos.
Vivemos hoje sob uma nova forma de ditadura, a do politicamente correto. Na convivência, ficamos pisando em ovos para não sermos censurados em qualquer deslize de expressão do que somos e sentimos.
As pessoas estão inibindo a individualidade e exigindo que todos fiquemos padronizados - como submetidos a tribunal que estabeleceu Código do politicamente correto.
Dou um exemplo recente: mal Temer anunciou seu ministério e já minhas coleguinhas cobraram que não havia mulher no ministério. No dia seguinte, já havia quem exigisse a presença de negros como ministros.
Ironizei lembrando que o ministério não abrigava nenhum anão. Aliás, o politicamente correto me condena por usar a palavra anão.
Nas redes sociais, alguém postou uma ironia maior: Leonardo da Vinci era um preconceituoso, ao retratar a Última Ceia só com homens e brancos. Eu acrescentaria: e judeus.
Não creio que faça diferença no ministério a cor da pele ou o sexo da pessoa. Ou a sua estatura física. Fará diferença, sim, sua estatura moral e seu nível de conhecimento.
Não creio que faça diferença no ministério a cor da pele ou o sexo da pessoa. Ou a sua estatura física. Fará diferença, sim, sua estatura moral e seu nível de conhecimento.
Quando eu era menino, meu melhor amigo e vizinho era o Negobeto. Nunca me dei conta que se chamasse assim pela cor da pele. Nunca notei diferença entre nós dois. Mas agora vejo que os governos do PSDB e do PT foram separando os brasileiros por cor da pele, por etnia e por preferências sexuais. Sempre pensei que todos fôssemos brasileiros.
Agora só posso bater boca com alguém que tenha a mesma cor ou os mesmos cabelos que eu, ou o mesmo peso, ou vão me acusar de preconceituoso.
Se um chamar a atenção daquela motorista loira e lépida que desceu do carro após estacionar em vaga de deficiente, ela vai alegar que tenho o preconceito de loira burra.
Não gosto de tatuagem, parece mancha ou sujeira na pele; penso que é uma mutilação, uma agressão à natureza. Mas meu modo de pensar não impediu que todos os meus três filhos - e meus netos - fizessem tatuagem.
Não gosto de tatuagem, parece mancha ou sujeira na pele; penso que é uma mutilação, uma agressão à natureza. Mas meu modo de pensar não impediu que todos os meus três filhos - e meus netos - fizessem tatuagem.
Cada um com seu direito. O meu de pensar e o deles de fazer. Meus gostos, minhas condenações, minhas aprovações são meus, como direito individual. O que não posso é hostilizar alguém que não seja do meu gosto, meu padrão. Nem o outro tem o direito de me hostilizar só porque não tenho tatuagem no corpo.
Essa é a relação de convivência. As pessoas não são iguais. Mas não se pode odiar os melhores por serem melhores. Afinal, são eles que conduzem o mundo; alguns dão emprego, outros geram atividades que beneficiam todos, não é, Leonardo, Gutenberg, Edson, Penn, Gates...?
O cúmulo da ditadura do politicamente correto é querer desfazer a separação biológica de homem e mulher, inventando a ridícula ideologia de gênero, que o politicamente correto nocivamente leva a crianças na escola. Gênero é um só: o gênero humano. Que só existe porque há uma diferença biológica: homens e mulheres.
O cúmulo da ditadura do politicamente correto é querer desfazer a separação biológica de homem e mulher, inventando a ridícula ideologia de gênero, que o politicamente correto nocivamente leva a crianças na escola. Gênero é um só: o gênero humano. Que só existe porque há uma diferença biológica: homens e mulheres.
Um dia, mediando um debate, e já não aguentando a repetição da palavra gênero por parte da Ministra das Mulheres, eu a interrompi: Ministra, desculpe, eu aprendi na gramática que gênero é para coisas que não têm sexo: a poltrona onde a senhora está sentada é do gênero feminino; o sapato que eu calço é do gênero masculino. Mas a senhora é do sexo feminino e eu sou do sexo masculino e, como dizem os franceses Vive la différence! Graças a isso nos multiplicamos e enchemos a Terra.
13 de junho de 2016
in orlando tambosi
13 de junho de 2016
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