"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

HORA DA FAXINA

Impeachment deixou de ser um processo constitucional e legítimo. Passou a ser golpe. Simpatizantes da oposição viraram coxinhas. A classe média, no alto de suas varandas gourmets, não tem direito de reclamar os seus direitos. Tornou-se uma espécie de parasita social, que conquistou benesses durante os primeiros quatro anos de gestão petista e caminha rumo à derrocada em meio à crise econômica. Ironias à parte, infantilizamos o debate político e relegamos ao segundo plano fatos incontestáveis. Nunca antes na história se roubou tanto, ao mesmo tempo em que se tenta contestar uma operação policial histórica e corajosa.

No Brasil, investigado é empossado ministro; réu dirige a maior das casas do Legislativo; presidente alimenta o discurso do ódio, ao denunciar golpe; deputados cuja probidade inexiste seguem achincalhando a nação, enquanto juram dar sua parcela de contribuição para o povo. Até mesmo opositores que se destacavam como paladinos da moral, da ética e da honradez veem todo o seu discurso egocêntrico ruir como um castelo de cartas, citados no limbo.

Se vivemos dias difíceis, parte da culpa é nossa. Ficamos tempo demais deitados em berço esplêndido, enquanto o nosso dinheiro era surrupiado por engravatados que nos faziam acreditar agirem em nome do bem-estar social. O nosso voto reconduziu ao poder figurões de histórico e de caráter duvidosos. Fizemos senador um ex-presidente que foi forçado a abandonar o Planalto por causa de um Fiat Elba. Ficamos tempo demais calados, enquanto a Petrobras, que um dia foi motivo de orgulho nacional, era assaltada sem piedade nem vergonha na cara.

Antes que me considerem de direita, sou avesso a rótulos. Questiono o populismo em sua forma mais pueril, por comprar apoio político em troca de migalhas. Abomino a figura de líderes que se escoram num partido e veem a ideologia do mesmo como única força motriz de um país. Talvez o Brasil consiga colher ventos amenos e frescos da tempestade pela qual atravessa. É hora de uma faxina na política. É tempo de retirar o poder dos corruptos e eleger os candidatos realmente compromissados com o altruísmo e com o desenvolvimento do Estado. Chega de sermos palhaços, enquanto o circo se incendeia e desaba sobre nós.


04 de abril de 2016
CORREIO BRAZILIENSE

Nenhum comentário:

Postar um comentário