Dados divulgados na última semana mostraram que o Brasil conseguiu um fato inédito: num ranking de 42 países elaborado pela agência "Austin Rating", colocou-se num assustador 41º lugar.
Apesar de ainda estar situado entre as 10 maiores economias do mundo, conseguimos ser ultrapassados por nações que há anos estão mergulhadas em graves crises, que aniquilam as suas economias, como a Venezuela, que ocupa a 39ª posição. Somente foi possível superar a Ucrânia, país que vive ainda o impacto da ocupação da Crimeia pela Rússia e de uma guerra separatista interminável.
Como chegamos a tal situação? Em primeiro lugar, o consumo das famílias, responsável por cerca de 66% do PIB nacional e um dos pilares do nosso desenvolvimento, vem sofrendo retrações sucessivas e já acumula uma queda de mais de 3% em 2015.
Em segundo lugar, a desatenção do governo, perversamente focado no aumento de impostos e incapaz de promover a redução de suas próprias despesas, acabou por esmagar a indústria brasileira, grande protagonista do aumento de competitividade e uma das responsáveis pelo crescimento sustentável, pelo bem-estar e pelo progresso econômico.
Um terceiro ponto resulta da incapacidade nacional de viabilizar novos investimentos, que respondem por cerca de 21% do nosso PIB e sofreram um recuo de 15%, em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Assim, as consequências se refletem diretamente sobre a população, com a piora da oferta de emprego e da geração de renda.
A indústria de transformação, por exemplo, caiu 11% em relação ao mesmo trimestre de 2014 e a construção civil, apesar dos programas governamentais como o “Minha Casa, Minha Vida”, 6%. No setor de comércio e de serviços a queda chegou aos 10% e nos transportes, a 7,7%.
Apesar de todos os resultados negativos, o governo e a sua equipe econômica continuam a insistir na perigosa prática de apenas propor aumento de impostos e de cortar gastos em organizações que geram novas oportunidades, qualificam pessoas e aumentam a nossa competitividade.
Em resumo, estamos mergulhando num abismo tenebroso do qual, provavelmente, vamos demorar a sair.
Certa vez, ouvi de uma pessoa muito querida que podar as roseiras é uma arte complicada, porque se cortarmos muito, nunca mais teremos rosas.
Então, qual é o senso de medida que falta hoje ao governo e aos políticos?
No meu entender, a incapacidade de elaborar um plano econômico, com estratégias que permitam equilibrar o “ajuste fiscal” com a retomada do crescimento dos setores mais importantes, além do incremento das exportações.
Estranhamente, governo e equipe econômica, não sei se por vergonha ou por medo, insistem em não assumir a liderança desse processo, capaz de evitar a desagregação ora vivida pela sociedade brasileira.
Parte do governo se esconde com medo de um possível impeachment, ou cassação, e outra parte fica desorientada, sem saber aonde vão chegar as várias operações do judiciário, como a ”Lava-Jato” e a “Zelotes”.
Lenin, incontestável na arte de manejar as multidões e de conduzir revoluções duradouras, sempre pregou que “a morte de uma organização acontece quando os de baixo já não querem e os de cima já não podem”.
O silêncio, inaceitável e incompreensível, poderá resultar em trágicas consequências para a nação, pois há algum tempo os de cima já não podem e, neste caminhar, logo os de baixo não vão querer.
Oxalá recuperemos o nosso projeto de crescimento
08 de dezembro de 2015
Paulo Alcantara Gomes
Apesar de ainda estar situado entre as 10 maiores economias do mundo, conseguimos ser ultrapassados por nações que há anos estão mergulhadas em graves crises, que aniquilam as suas economias, como a Venezuela, que ocupa a 39ª posição. Somente foi possível superar a Ucrânia, país que vive ainda o impacto da ocupação da Crimeia pela Rússia e de uma guerra separatista interminável.
Como chegamos a tal situação? Em primeiro lugar, o consumo das famílias, responsável por cerca de 66% do PIB nacional e um dos pilares do nosso desenvolvimento, vem sofrendo retrações sucessivas e já acumula uma queda de mais de 3% em 2015.
Em segundo lugar, a desatenção do governo, perversamente focado no aumento de impostos e incapaz de promover a redução de suas próprias despesas, acabou por esmagar a indústria brasileira, grande protagonista do aumento de competitividade e uma das responsáveis pelo crescimento sustentável, pelo bem-estar e pelo progresso econômico.
Um terceiro ponto resulta da incapacidade nacional de viabilizar novos investimentos, que respondem por cerca de 21% do nosso PIB e sofreram um recuo de 15%, em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Assim, as consequências se refletem diretamente sobre a população, com a piora da oferta de emprego e da geração de renda.
A indústria de transformação, por exemplo, caiu 11% em relação ao mesmo trimestre de 2014 e a construção civil, apesar dos programas governamentais como o “Minha Casa, Minha Vida”, 6%. No setor de comércio e de serviços a queda chegou aos 10% e nos transportes, a 7,7%.
Apesar de todos os resultados negativos, o governo e a sua equipe econômica continuam a insistir na perigosa prática de apenas propor aumento de impostos e de cortar gastos em organizações que geram novas oportunidades, qualificam pessoas e aumentam a nossa competitividade.
Em resumo, estamos mergulhando num abismo tenebroso do qual, provavelmente, vamos demorar a sair.
Certa vez, ouvi de uma pessoa muito querida que podar as roseiras é uma arte complicada, porque se cortarmos muito, nunca mais teremos rosas.
Então, qual é o senso de medida que falta hoje ao governo e aos políticos?
No meu entender, a incapacidade de elaborar um plano econômico, com estratégias que permitam equilibrar o “ajuste fiscal” com a retomada do crescimento dos setores mais importantes, além do incremento das exportações.
Estranhamente, governo e equipe econômica, não sei se por vergonha ou por medo, insistem em não assumir a liderança desse processo, capaz de evitar a desagregação ora vivida pela sociedade brasileira.
Parte do governo se esconde com medo de um possível impeachment, ou cassação, e outra parte fica desorientada, sem saber aonde vão chegar as várias operações do judiciário, como a ”Lava-Jato” e a “Zelotes”.
Lenin, incontestável na arte de manejar as multidões e de conduzir revoluções duradouras, sempre pregou que “a morte de uma organização acontece quando os de baixo já não querem e os de cima já não podem”.
O silêncio, inaceitável e incompreensível, poderá resultar em trágicas consequências para a nação, pois há algum tempo os de cima já não podem e, neste caminhar, logo os de baixo não vão querer.
Oxalá recuperemos o nosso projeto de crescimento
08 de dezembro de 2015
Paulo Alcantara Gomes
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