"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de dezembro de 2015

EDUARDO NO PLANALTO




Sobreviverá a Câmara dos Deputados a um ano inteiro, no caso, 2016, com Eduardo Cunha na sua presidência? Na hipótese dele escapar do Conselho de Ética e, eventualmente, até do Supremo Tribunal Federal, não haverá outro jeito senão aceitá-lo na direção dos trabalhos, aliás, até fevereiro de 2017. Poderá aprontar o que quiser. Com Dilma, o parlamentar fluminense permanecerá como o segundo na linha sucessória. Se Madame for afastada e Michel Temer assumir, quantas vezes Eduardo Cunha ocupará o palácio do Planalto? Afinal, faz tempo que viagens presidenciais ao exterior tornaram-se obrigatórias.

Vale prospectar, assim, possibilidades variadas para os períodos em que o atual presidente da Câmara estará exercendo a chefia do governo. Para começar, ele poderia mudar o regime, alegando a iminência da desagregação nacional. Motivos de força maior exigiriam a volta à Monarquia. Eduardo I colocaria em sua cabeça a coroa imperial, distribuindo títulos de nobreza a todos os aliados, quem sabe até dissolvendo o Congresso e nomeando interventores nos estados.

Outra alternativa seria decretar o Estado Novíssimo, alegando o perigo comunista e tornando-se ditador. Criaria outro Tribunal de Segurança Nacional, encarregado de julgar e condenar todo cidadão brasileiro que ousasse falar em democracia. Extinguiria a liberdade de imprensa, as eleições e os tribunais, editando uma nova Constituição, cujo primeiro artigo estabeleceria que obedecer é obrigação de quantos habitam nosso território.

Haverá que cogitar na prerrogativa de o presidente interino baixar Atos Institucionais, começando por transformar a interinidade em permanência indefinida. Como também dispor que o tesouro nacional passe a ser propriedade integral do chefe do governo. Por que não mudanças no Código Penal, determinando a flagelação preventiva aos maiores de dezoito anos, de forma a enquadrar a população na arte da obediência eterna? Ou o banimento para quem se insurgir contra a obrigação de, três vezes por dia, em casa, no trabalho ou na rua, gritar “viva Eduardo!” Sem esquecer que cada contribuinte, sob pena de perda de cidadania, passe a depositar metade deu salário na conta presidencial aberta em todos os bancos públicos e privados.

Mil novas sugestões estão em aberto, bastando enviá-las por meios eletrônicos, cartas ou pombo-correio para a presidência da Câmara dos Deputados.



12 de dezembro de 2015
Carlos Chagas

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