"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de dezembro de 2015

PALAVRAS DE TEMER VOAM PARA AFASTAR TEMPESTADE DO IMPEACHMENT



Climão entre Dilma e Temer
Charge do Baggio (reprodução Jornal de Brasília)












Ao sair, na noite de quarta-feira, da reunião com a presidente Dilma Rousseff, o vice Michel Temer afirmou que terão relação pessoal e institucional que seja a mais fértil possível. E, aos jornalistas, repetiu a frase entre aspas, exatamente como se encontra na nota oficial que ambos depois divulgaram conjuntamente.
No texto, duplamente assinado, Dilma destacou: “Na nossa conversa, eu e o vice-presidente Michel Temer decidimos que teremos uma relação extremamente profícua, tanto pessoal quanto institucionalmente, sempre considerando os maiores interesses do país”. As expressões, em seu conjunto, seriam suficientes para afastar a tempestade política, pelo menos a curto praz. Entretanto, o vice dirigiu-se a Bernardo Mello Franco, colunista da Folha de São Paulo, declarações publicadas na edição de 10, buscando retificações do conteúdo publicado na véspera. O colunista atendeu o pedido.
Michel Temer sustenta que não será desleal com Dilma durante o processo de impeachment, acentuando encontrar-se inconformado com as acusações de que seu grupo conspira pela derrubada da presidente. Eu – assinalou – jamais cometeria qualquer ato de deslealdade institucional. Isso macularia meu currículo. Se chego à presidência por uma deslealdade, eu chego mal”. A respeito da carta, disse que fez uma carta pessoal, não um documento político.
ROMPIMENTO
Sobre a hipótese de que a carta seria uma senha para o rompimento de seu partido com o Palácio do Planalto, transferiu a sombra da dúvida a Bernardo Mello Franco: “O PMDB vai romper cm ela? Não vai”, ele próprio respondeu afirmando.
De todo o panorama desenhado tanto por Michel Temer quanto por Dilma Rousseff, transparece uma sensação momentânea de amortecimento. A ofensiva no sentido do impeachment, já contida parcialmente pela liminar concedida pelo ministro Edson Fachin, do STF, recebeu mais um freio acionado pelo vice-presidente da República envolvido numa camada de gelo, como aliás é de seu estilo.
Temer esfriou a atmosfera da crise em torno do Planalto, deixando o calor para o debate que atinge diretamente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Temer, ao longo dos próximos dias, retirou o tema impeachment das manchetes principais. Pelo menos essa foi a sua intenção, no momento.
POSTURA DO PSDB
Com isso, o projeto de chegar ao poder de sua corrente vai enfrentar um adiamento, a espera de outra ocasião, no mínimo oportuna. Vai refletir na postura do PSDB, especialmente a ressaltada na entrevista de José Serra à repórter Dani8ela Lima, Folha de São Paulo, início da semana, quando se afirmou pronto (e disposto) a colaborar com um eventual governo Temer. Serra, na realidade, levou Michel Temer a emergir. Mas o lance aparentemente adiantou pouco, pois o vice submergiu na noite de quarta-feira, deixando apenas um rastro de enigma na superfície do Lago de Brasília.
Na quarta-feira, o STF apreciará a liminar de Edson Fachin, a começar pelo processo de votação (se secreta ou nominal) para escolha dos 65 deputados que decidirão a sequência ou a continuidade da proposta de impeachment apresentada por Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaina Pascoa. E também a respeito da forma da indicação dos parlamentares que vão compô-la. Sejam quais forem as decisões definitivas da Corte Suprema, o movimento que busca o impeachment perdeu impulso. Esta, portanto, pode se tornar essencial para o quadro político do país. A curto prazo, com certeza, a médio e longo prazos, talvez.

12 de dezembro de 2015
Pedro do Coutto

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