"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de dezembro de 2015

SIMPLES CONSTATAÇÃO

Não é questão de ser contra ou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. É questão de lógica. De estar aberto para perceber que a atual presidente não reúne mais as mínimas condições para assegurar a governabilidade e colocar novamente o país nos trilhos, tanto sob o ponto de vista político como em seus aspectos econômicos. 
É simples constatação.

Independentemente das loucuras  e das agruras de Eduardo Cunha, que, por motivos óbvios, já deveria estar fora há muito tempo, o impeachment é uma ferramenta legal, que as trapalhadas da presidente, do PT e uma nova postura de combate à corrupção vigente no país acabaram por viabilizar.

A oposição, seguramente apoiada pela maior parte da população e vitaminada pela nova postura do PMDB, demorou covardemente para acordar e descobrir que já reúne forças suficientes para acelerar a saída da mandatária.

Há pouco tempo, Dilma seria a única em condições de promover uma saída para o Brasil. 
Uma guinada de 360º. Caberia a ela um ato altivo, que coincidiria com uma espécie de renúncia programada. 
Ela poderia conclamar o povo e dar um xeque-mate aos espoliadores da nação que tomaram conta das cadeiras do Congresso, impondo-lhes reformas mais do que urgentes em troca de uma retirada “republicana”. 
Perdeu o tempo.

Dilma, ao que se vê, caminha a passos largos para uma derrocada melancólica e traumática para ela e, sobretudo, para a nação.

Não é possível ter certeza alguma de que o impeachment será o melhor para o país, mas, no momento, verdade seja dita, é a única expectativa que paira sobre os brasileiros.

Portanto, falar de golpe é choradeira de quem não tem outra defesa para justificar o estrabismo do governo, que o levou até o abismo. 
O impedimento, como dito, é um dispositivo legal, previsto na Constituição e sempre defendido pelo próprio PT e por seus membros. 
O rito a ser adotado é mera divagação, pois o que importa é a disposição política em dar prosseguimento ao processo, o que a intensidade dos últimos dias comprovou ser possível.

O banditismo do presidente da Câmara, o oportunismo do PSDB, o interesse pessoal do vice-presidente e a sede de poder a qualquer custo do PMDB estão aí, mas sempre estiveram.

A principal causa dos riscos que a presidente corre é ela mesma. 
A autofagia de Dilma começou há 15 meses, nas eleições do ano passado, perpetrando-se em 2015, depois que foi obrigada a se desmentir. 
A presidente perdia, assim, a confiança da população e, agora, afunda-se ao perder o PMDB, fatalmente, o pilar que deu sustentação a ela própria e ao ex-presidente Lula em todos os seus muitos momentos de desventuras.


12 de dezembro de 2015
Heron Guimarães

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