"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

PIXULECO E O TRÁFICO DE INFLUÊNCIA NA ÁFRICA

O tráfico de influência de Lula na África comprovado pela Época vira destaque no Jornal Nacional. E envolve Dilma Rousseff.


Abaixo, na íntegra, a reportagem do Jornal Nacional do último sábado. Pela primeira vez, o principal telejornal do país destaca as falcatruas do ex-presidente e sua turma com dinheiro do BNDES, em favor da Odebrecht.
 
Novos documentos do Ministério das Relações Exteriores indicariam o trabalho do ex-presidente Lula em favor da Odebrecht. O suposto lobby para a empresa brasileira junto a países africanos foi mostrado na edição desta semana da Revista Época. A revista Época teve acesso a documentos sigilosos. São telegramas de embaixadores na África enviados ao Ministério das Relações Exteriores relatando detalhes de visitas de negócios do ex-presidente Lula ao continente.

Num deles, de 21 de março de 2013, a embaixadora do Brasil na Guiné Equatorial, Eliana da Costa e Silva Puglia, conta o que aconteceu num encontro entre Lula e o vice-presidente do país. No telegrama a embaixadora disse que "Lula citou um telefonema que dera ano passado ao presidente Obiang sobre a importância de se adjudicar obra de construção do Aeroporto de Mongomeyen à empresa Odebrecht". A revista explica que o que Lula deixava claro para o vice-presidente é que ele próprio havia pedido ao presidente do país que desse a obra do aeroporto à empresa brasileira.

Dois dias depois dessa reunião em Guiné, Lula viajou para Gana, onde se reuniu com o presidente John Mahama. O embaixador brasileiro conta detalhes do encontro para o Itamaraty. Segundo a revista Época, o assunto era a liberação de US$ 1 bilhão do BNDES para obras de infraestrutura a cargo da Odebrecht. 

O embaixador diz que o presidente de Gana "frisou que o apoio do ex-presidente Lula a essa sua demanda serviria para facilitar e acelerar as necessárias negociações relativas à aprovação do crédito". E segue dizendo que " o ex-presidente Lula disse acreditar que o BNDES teria condições de acolher a solicitação da parte ganense e, nesse sentido, intercederia junto à presidente Dilma Rousseff".

Época revela que a formalização do pedido junto ao BNDES foi feito por Gana dias depois e o dinheiro liberado em 19 de julho de 2013, com "a segunda menor taxa de juros concedida pelo BNDES em mais de 500 operações voltadas para a exportação" e num prazo de 19 anos e meio, quando a média é de 12 anos."

O terceiro país africano visitado por Lula nessa viagem foi o Benin. Segundo a reportagem, um telegrama para o Itamaraty relata que o presidente do país "solicitou apoio do ex-presidente Lula para a flexibilização das exigências do Cofig-BNDES".

Cofig é o comitê que auxilia o BNDES na análise de pedidos de financiamento. O telegrama diz ainda que "embora o tom da visita por parte do Instituto Lula tenha sido mais de cortesia e amizade, o evento ajudou a dinamizar as discussões em torno da relação entre atores privados dos dois países".

Além da viagem à África, a reportagem de Época também cita um episódio em que Lula teria ajudado a Odebrecht no Brasil, enquanto ainda era presidente da República. Em 2007, Lula recebeu no Palácio do Planalto Joaquim Chissano que na época já era ex-presidente de Moçambique.

O teor da conversa dos dois foi revelado, segundo a revista, por um telegrama da embaixadora de Moçambique, Leda Lúcia Camargo, para o Itamaraty, onde ela diz que Chissano contou que foi a Brasília para entrevistar-se com o presidente Lula, que telefonou ao doutor Luciano Coutinho para ver a disponibilidade do BNDES em créditos para empresas brasileiras que atuarão no projeto de etanol da sua empresa MJ3. Segundo a reportagem, a Odebrecht tinha interesse no negócio.

O comando do BNDES está a cargo de Luciano Coutinho desde 2007. Ele foi indicado pelo então presidente Lula. Todos estes documentos sigilosos constam do inquérito conduzido pelo Ministério Público Federal em Brasília que investiga um possível tráfico de influência do ex-presidente Lula em favor da Odebrecht. O inquérito, que começou em julho, ainda está na fase de reunir documentos. Ninguém foi ouvido até agora. 

O BNDES afirmou que nunca houve pressão ou gestão de Lula, como presidente ou ex-presidente, para que projetos fossem aprovados pelo banco. Informou que não financiou a obra do aeroporto de Mongomeyen, na Guiné Equatorial, nem nenhum empreendimento ligado ao ex-presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, ou à empresa MJ3. Afirmou ainda que o financiamento para uma estrada em Gana não foi concedido para a Odebrecht.

Em nota enviada ao Jornal Nacional, o Instituto Lula informou que o ex-presidente Lula está processando na Justiça os jornalistas da revista Época. Afirmou também que no mundo inteiro presidentes e ex-presidentes trabalham para ampliar a presença comercial de seus países e que a atuação de Lula nesse sentido é legítima, patriótica, sem nunca pedir ou receber remuneração por isso. A nota diz ainda que Lula vai continuar atuando, sempre dentro da lei e a favor do Brasil.

A Odebrecht disse que mantém uma relação institucional e transparente com o ex-presidente Lula. E que ele foi convidado para fazer palestras para empresários, investidores e líderes políticos sobre as potencialidades do Brasil e de suas empresas nos mesmo moldes que fazem ex-presidentes de outros países.

A Odebrecht disse ainda que lamenta a divulgação do que considera interpretações equivocadas de mensagens sobre a atuação legitima da empresa. E informou que não participa de nenhuma obra na Guiné, que não venceu a concorrência para a construção do aeroporto. O Ministério das Relações Exteriores disse que os telegramas mencionados na reportagem são confidenciais e que por isso não vai se pronunciar sobre o assunto.

05 de outubro de 2015
in coroneLeaks

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