Segunda-feira, ao dar posse aos dez ministros que chegavam ou eram remanejados, a presidente Dilma exortou todos eles ao trabalho e à dedicação, até prenunciando o final da temporada para dezembro de 2018. Com todo o respeito, Madame escorregou outra vez. Mais da metade do ministério não chegará lá.
Primeiro,porque muitos serão candidatos à reeleição ou a outros cargos, devendo desincompatibilizar-se seis meses antes do primeiro domingo de outubro. Depois, razão mais forte, porque alguns integram a equipe sob suspeição. Foram indicados pelos seus partidos sob o compromisso de atuarem para favorecer os interesses do governo, convencendo seus parlamentares na Câmara e no Senado a votar conforme instruções do palácio do Planalto. Mas se o Executivo vier a ser derrotado, como vem sendo, não haveria justificativa para sua permanência.
Em boa parte não são ministros pela capacidade, que não tem, de tratar os temas de suas pastas. Mais do que um ministério da experiência, esse é o ministério do medo. Ninguém está seguro de nada. Principalmente os ministros desconhecidos.
DESÂNIMO
Quem assistiu a cerimônia de posse da nova equipe estranhou o clima de pouco entusiasmo dos presentes, interrompido apenas na hora dos rapa-pés e beijinhos comandados pela presidente Dilma. Estranhou-se, também, a ausência do ex-presidente Lula, artífice da montagem mas, pelo jeito, disposto a não se comprometer.
Coube ao novo chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, dar uma visão realista do governo, comentando que milagres não existem e só muita conversa poderá frear a instabilidade política. O diabo é que o ex-governador da Bahia não terá caminho livre para exercer suas funções. Na contramão estará o ministro da recém-criada Secretaria de Governo.
APARECER, ACIMA DE TUDO
Faz tempo que não se passa uma semana, ou até um dia, sem que o ex-presidente Fernando Henrique não aparece na mídia. Entrevistas, palestras, artigos especiais e palpites de toda ordem a respeito de mil temas. Ainda agora, lança o primeiro volume de uma série de quatro, a respeito de suas experiências no governo.
Não deu para entender, ou entendemos muito bem, as referências ao deputado Eduardo Cunha nos resumos distribuídos sobre o livro. Em detalhes, o sociólogo vangloria-se de haver rejeitado pedido para fazer do atual presidente da Câmara o diretor comercial da Petrobras.
07 de outubro de 2015
Carlos Chagas
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