"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

NÃO PÁRA... NÃO PÁRA... NÃO PÁRA... NÃO PÁRA NÃO!!!

UM NOV O ESCÂNDALO EM GESTAÇÃO: O SEGURO-DEFESO DO PESCADOR

Por seguro-defeso dos pescadores, entenda-se desde abril último o benefício de um salário-mínimo por mês pago ao pescador artesanal durante quatro meses por ano. Antes, pagava-se por mais tempo, e era permitido ao pescador receber dois benefícios.

Criado no primeiro dia de governo do primeiro governo de Lula, o seguro-defeso custa, hoje, algo como R$ 3,5 bilhões por ano para beneficiar cerca de um milhão de pescadores. Um milhão? Há tantos pescadores assim no país?

Deveria haver mais se a indústria pesqueira, por aqui, fosse de fato importante. Mas não é.

O litoral do Brasil tem 7.408 quilômetros de extensão. Ou 9.198 se consideradas as saliências e reentrâncias dele. Depois de uma década estagnada em 1 milhão de toneladas, a produção pesqueira aumentou para 1,5 milhão de toneladas/ano em 2013.

Baixíssima, levado em conta o tamanho do litoral. O do Peru, por exemplo, se estende por 3.080 quilômetros. A produção pesqueira, ali, só perde para a da China. 
O Brasil está em 22º lugar no ranking mundial da pesca.

Ocupado em cortar gastos devido à crise econômica que afeta o país, o governo começou a sentir um cheiro ruim ao comparar os números sobre pescadores contemplados com o seguro-defeso, o custo deles e o quanto a pesca rende ao Brasil.

Tem alguma coisa errada. Ou tem muita coisa errada. Por exemplo: nas contas do IBGE, o número de pescadores artesanais está longe de bater a casa de um milhão. Em Brasília, onde só há um lago, sete mil supostos pescadores recebem o salário-defeso.

Este é mais um caso para a Polícia Federal e o Ministério Público. Desconfia-se que há uma roubalheira imensa no pagamento do salário-defeso. Falsos pescadores são pagos para não pescar. E políticos saem no lucro com isso.

O Ministério da Pesca foi extinto na semana passada quando Dilma anunciou a reforma do seu governo. A estrutura do ministério acabou incorporada pelo Ministério da Agricultura. O último ministro da Pesca, Hélder Barbalho (PMDB-PA), foi o oitavo de 2003 para cá.

Deslocado para o Ministério dos Portos, Hélder, o versátil, está empenhado em convencer Dilma de que a Pesca na Agricultura merece o status de uma Secretaria. 
E que ele, apoiado pelo pai senador e a mãe deputada federal, deve indicar o secretário.

Por meio do vice-presidente da República Michel Temer, o PMDB reforça a pretensão de Hélder. Kátia Abreu (PMDB-TO), ministra da Agricultura, resiste à ideia. 
Dentro do governo, ela é quem está mais incomodada com o odor que o seguro-defeso exala.


07 de outubro de 2015
Ricardo Noblat

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