O Ministério Público da Suíça nega a versão do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de que desconhece o teor das notícias veiculadas sobre suas contas no país europeu e garante que o parlamentar foi alertado sobre o congelamento de seu dinheiro.
Na edição desta terça-feira, 6, reportagem do Estado revela que investigadores da Operação Lava Jato apuram se o presidente da Câmara mantinha outras contas no exterior além daquelas já identificadas e bloqueadas pelas autoridades suíças.
Na semana passada, a Suíça comunicou ao Brasil que iria transferir os autos de uma investigação criminal que corre no país europeu sobre Cunha para que a Procuradoria-Geral da República brasileira dê prosseguimento. Recentemente, a equipe de procuradores que auxilia o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nos acordos de cooperação internacional ligados ao esquema de corrupção na Petrobrás recebeu reforço para intensificar o trabalho de investigação no exterior.
INFORMAÇÃO
Segundo fontes próximas ao caso de Cunha no Ministério Público suíço, o parlamentar foi informado sobre o bloqueio de contas das quais é beneficiário “há um bom tempo”. O primeiro contato sobre o ocorrido teria sido realizado pelo próprio banco, que tem o dever de informar ao cliente o que ocorre em termos de suas contas e sua relação com a Justiça. Conforme fontes, ele também teria sido oficialmente informado pela Justiça da Suíça sobre os motivos do congelamento.
O mesmo procedimento de congelamento de contas ocorreu com Pedro Barusco, ex-diretor da Petrobrás. Em março de 2014, ele tentou fazer uma série de transações quando as autoridades já o monitoravam. O dinheiro foi bloqueado. Em alguns casos, o dinheiro nem sequer saiu da conta original. Em outros, os valores foram congelados na conta de destino. Em ambos os casos, porém, Barusco foi informado pelo banco assim que os valores foram bloqueados.
EMPRESAS DE FACHADA
A investigação no país europeu foi aberta em abril. O MP suíço informou aos procuradores brasileiros que Cunha abriu empresas de fachada para esconder seu nome nos registros bancários na Suíça.
Após a divulgação de que a Suíça transferiu para o Brasil a investigação criminal, Cunha disse que não tomou conhecimento de “absolutamente nada” a respeito das denúncias veiculadas. Em comunicado na sexta-feira passada, o deputado rechaçou a existência de empresas de fachada e disse “desconhecer o teor dos fatos veiculados”.
O Ministério Público na Suíça, por enquanto, se recusa a informar qual banco mantinha as quatro contas relacionadas ao deputado. Mas garante que foi a própria entidade que se surpreendeu com as movimentações e decidiu informar as autoridades sobre suspeitas de lavagem de dinheiro.
Cunha continua negando ter contas no exterior.
07 de outubro de 2015
Jamil Chade e Beatriz BullaEstadão
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