"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

TEMER DESCOBRE4 TARDE QUE CAIU NA ARMADILHA DO DESGASTE POLÍTICO

Brasília - Michel Temer, político experiente, deixa a articulação do governo tarde. Esperou que os petistas desgastassem a sua imagem e agora sai arranhado com o seu PMDB em ebulição. Veja: Eduardo Cunha virou adversário ferrenho do Planalto, Renan apresentou uma Agenda Brasil para juntar os cacos da economia e parte do PMDB na Câmara está na dissidência. E agora, o vice tem a missão de juntar os pedaços do partido para encontrar uma saída que não lhe dificulte, daqui para frente, comandar o PMDB, sem rumo, que atira em várias direções.


Michel descobriu agora que foi manipulado pela cúpula petista que cerca a Dilma. Aloizio Mercadante, o pequeno príncipe da presidente, mostrou-se uma fortaleza dentro do Planalto. Resiste até hoje a todas as pressões políticas para deixar o cargo. O Lula já tentou e não conseguiu apeá-lo do poder. Juntou-se aos peemedebistas, insuflou os partidos de base contra o ministro e até hoje ainda fala do Mercadante pelas costas. Nada disso até agora adiantou. A Dilma não dispensa os sábios conselhos do seu principal ministro, pelo menos por enquanto.


Como faltam pessoas qualificadas dentro do Palácio do Planalto, a Dilma prefere ainda o colo de Aloizio Mercadante pela experiência parlamentar. Sabe, por exemplo, que o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, é homem do Lula lá dentro, portanto, não é confiável. Deu-lhe imunidade para não vê-lo preso na operação Lava a Jato. Ele é acusado de usar 8 milhões de reais roubados da Petrobrás na campanha dela. Mesmo com toda essa fragilidade, ela fortalece o ex-tesoureiro com dissimulação. Optou por ele para falar sobre as manifestações que levaram milhões de brasileiros às ruas contra o seu governo, mesmo sabendo que Edinho é alvo do juiz Sergio Moro. Um acinte ao povo brasileiro.


Diante de tanta denúncia de corrupção, desarranjos políticos e falta de credibilidade dessa administração, Michel Temer não se negou a ajudar. Entregou-se de corpo e alma na articulação para tentar salvar o governo. Não resistiu aos apelos do Lula que, na verdade, pretendia mais desarticular o Mercadante de quem tem ódio por ocupar a principal pasta do governo. Jogou dentro do Congresso toda sua esperteza de ex-presidente da Câmara, de vice-presidente e de presidente do PMDB mas se frustrou e decepcionou os peemedebistas. Não tinha, do Planalto, nenhum respaldo político e nem autorização para mexer nas nomeações do primeiro e segundo escalões. Juntou-se, na verdade, ao time de assessores medíocres do Planalto que o chamavam jocosamente de chefe de departamento de pessoal.


Para Dilma, o desgaste do vice chega no momento certo. Afinal de contas, dividir o desgoverno com Michel minimiza seus males. Mostra para a população que o vice não teria também condições políticas de administrar o pais na vacância do cargo, já que não soube exercer com competência nem o cargo de chefe de departamento pessoal. Não à toa, a mídia chapa-branca, por orientação do Planalto, tratou de espalhar a notícia de que a Dilma não teria substituto à altura caso fosse impedida de exercer o mandato.


Veja que coisa notável: a estratégia petista funcionou tão bem que tirou Michel Temer do sério, um político acostumado a adversidades. E o desfecho ocorreu quando ele veio a público dizer que o pais estava sem comando. As palavras do vice foram interpretadas por Dilma como conspiração. E pela primeira vez, um vice-presidente se submete ao vexame de levar um pito de um presidente, igualando-se aos auxiliares submissos da chefe, submetidos diariamente a vergonhosos esporros em público.


Agora, praticamente fora da articulação, Michel vai tentar juntar os pedaços do PMDB. Com habilidade, certamente isso ele vai conseguir. Difícil mesmo será catar os cacos da reputação que ficaram espalhados por esse Brasil afora.



24 de agosto de 2015
Jorge Oliveira
diário do poder

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