Não bastasse o fato de que uma das empreiteiras do escândalo do Petrolão vem sendo blindada sistematicamente para que não se chegue ao “capo di tutti capi” – o grande picareta – e seu poste amestrado fincado no coração de nossa república bananeira, temos uma oposição que não se opõe, uma justiça injusta e corporativa, uma economia capenga e um povinho que não deixa nada a dever ao pior do talibanismo.
Enquanto alguns planejam uma grande manifestação em 15 de março, parte da imprensa tenta pateticamente – para não dizer peteticamente – dizer o que pode e o que não pode ser escrito nos cartazes dos indignados, sem no entanto esboçar um pingo sequer de protagonismo e encabeçar alguma parte nobre do movimento dos descontentes.
É uma graça. Uma desgraça. Não temos vozes do lado de cá da trincheira, meus caros. O forno já está sendo preparado para uma pizza de proporções épicas, livrando a cara de dezenas de políticos vigaristas do roubo deslavado do nosso dinheiro público. Só mesmo os “capitalistões” – ricos donos de empreiteiras e de clubes de alta rotatividade das propinas – são flagrados em constrangedoras sessões, sentados em privadas sem privacidade nenhuma, comendo o pão que o diabo amassou e se preparando para um vida inteira na cadeia, livrando os mentores de toda a vigarice que lideraram.
São vários escândalos sobrepostos, em camadas que você descasca e encontra outro ainda mais asqueroso a tentar blindar o anterior. Um festival de tribunais de contas, famílias Addams, advocacias gerais e ministrinhos de quinta se reunindo na surdina para fazer o brasileiro médio de otário. Como sempre, aliás. É uma festa macabra, regada ao nosso dinheiro.
O Brasil sabota o Brasil de várias maneiras. Pelo compadrio mais vigarista e coronelista, pela crendice generalizada nas explicações marretas, nas mentiras contadas com requintes de marketing rampeiro, na roubalheira incalculável que essa gente capitaneia e manobra por vários mandatos sucessivos.
E também pelo silêncio pusilânime de boa parte de nossa imprensa idiotizada por uma ideologia capenga e indefensável, pela falta de estudo, de vergonha, de vontade de trabalhar, de empreender, de respeito ao mérito, à ética — entre outras tantas demonstrações de que o país não é um país, mas um ajuntamento de bandidos que vem nos ameaçando impunemente há anos.
O Brasil sabota o Brasil ao não enxergar nada disso; ou ao enxergar e não reagir. Ao permitir ser manipulado, quando não pelo governo com a popularidade no sapato, pelas “representações” democráticas que não valem o balde de ração com que são compradas no bacião das almas ralas.
E dá-lhe dormir com um olho na entrada e outro na saída, como o fazem os cerverós desta república de picaretas. Todos com as cuecas forradas do nosso dinheiro, bracinhos em riste desafiando nossa paciência e nossa tolerância com essa vigarice interminável.
Eu pegaria o meu boné, dona rampeira. A senhora não o faz porque é burra. Pau mandado de um embusteiro ainda maior, esquentando a cadeira com sua insignificância para a volta do chefe da quadrilha. O país está sendo pilhado por esta camorra e ninguém se habilita a reagir. Um bando de loucos mesmo. E carregando uma corja nas costas. Até quando?
23 de fevereiro de 2015
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