O escândalo da Petrobras, que depois fatalmente se ampliará ao BNDES, aos Fundos de Pensão e a outras estatais, como a Eletrobras, é muito pior do que o mensalão, e a cúpula do governo está mais do que informada a respeito desta realidade. No escândalo do primeiro governo do PT, a oposição subestimou Lula, o próprio Fernando Henrique Cardoso não quis pressionar o impeachment dele, sob a justificativa de que era melhor “deixá-lo sangrar”. Mas a realidade política não admite esse tipo de vacilação. Lula não só se recuperou da hemorragia, como depois obteve o segundo mandato, em seguida elegeu o poste Dilma Rousseff para a Presidência da República e, quatro anos depois, conseguiu reelegê-la, apesar de ter feito um governo absolutamente medíocre.
NÃO ADIANTA DEIXAR SANGRAR
Agora a situação mudou, a oposição já aprendeu que não adianta “deixar sangrar”, é preciso agir com precisão e rigor. Nesse quadro altamente negativo, o governo do PT (leia-se: Instituto Lula e Planalto) tenta repetir a estratégia utilizada no mensalão. O partido sabe que desta vez vai se enfraquecer, a base aliada não existe mais, a situação econômica e administrativa é desalentadora.
Agora, o fundamental é preservar a presidente Dilma Rousseff, especialmente porque ela enfim abaixou a cabeça, deixou a arrogância de lado e antes do carnaval foi a São Paulo pedir desculpas a Lula, que as recebeu e imediatamente voltou a comandar o governo.
LULA TOMA AS RÉDEAS
Dentro em breve, podem apostar, Lula vai mandar demitir Aloizio Mercadante, Dilma obedecerá, os demais petistas até agora ligados à presidenta/governanta já estarão devidamente enquadrados, a vida seguirá em frente.
Bem, este é o plano do Instituto Lula. Aparentemente, pode até dar certo, como ocorreu no caso do mensalão. Mas desta vez o problema é muito mais grave e os escândalos ainda estão na fase inicial.
A estratégia estabelecida por Lula e burilada pelo marqueteiro João Santana faz Dilma repetir que nunca antes na história do Brasil se investigou tanto. Que a corrupção já existia, mas não era investigada. Que o governo fará tudo dentro da legalidade, mas não se furtará (usaram a palavra exata…) em punir quem cometeu “malfeito”, como se condenar criminosos fosse responsabilidade do Executivo.
Sempre há quem acredite nesse tipo de conversa fiada, mas na Justiça os autos são movidos por depoimentos, provas, evidências e circunstâncias, incluindo o domínio do fato. No Legislativo é muito pior, os julgamentos nem precisam de depoimentos e provas, bastam as evidências e circunstâncias, como aconteceu com o presidente Fernando Collor.
COLLOR E DILMA
Não havia nada de concreto contra o presidente Collor, mas seu operador P.C. Farias falava demais, vivia viajando no jatinho “Morcego Negro”, até alardeou a comemoração do primeiro “bilhão” acumulado no caixa 2. Portanto, não foi à toa que apareceu morto ao lado da namorada, e depois disso nunca mais abriu a boca. Collor acabou inocentado pelo Supremo, mas sua condenação política pelo Legislativo foi eterna, até o final dos dias.
No caso de Dilma Rousseff, também não haverá provas materiais contra ela, mas as evidências e circunstâncias são cada vez mais abundantes. Quando começarem os processos contra os políticos, será um vexame internacional, a situação dela se complicará tenebrosamente, com nunca antes na História deste país se verificou.
O pior é que o barco do impeachment estará comandado por um imediato de grande ambição e altamente especializado em manobras políticas. Por isso, Dilma vai continuar sangrando sem parar, meses e meses a fio. Seu futuro no governo não vale uma nota de três dólares. Ou três reais. Dilma será a versão feminina de Collor, podem apostar.
23 de fevereiro de 2015
Carlos Newton
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