“Passei a régua e, felizmente, Lula e Dilma estão limpos”. Esse é um dos pensamentos do Procurador da República que, ao que parece, não apresentará denúncia contra Lula ou Dilma
“A NATUREZA DO JOGO 1 – RICARDO PESSOA TEM NITROGLICERINA PURA CONTRA O PT, ESTÁ DISPOSTO A FALAR, MAS PARECE QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO QUER OUVIR. E POR QUE NÃO QUER? EIS A QUESTÃO” (clique aqui)
José Eduardo Cardozo com Rodrigo Janot. Tudo positivo? Para quem?
Muito bem! O Brasil está de olho em Rodrigo Janot, procurador-geral da República. E espera-se que Rodrigo Janot esteja de olho no Brasil, mais preocupado em dar a resposta necessária à impressionante sucessão de descalabros na Petrobras do que em, digamos, “administrar” a denúncia para amenizar a crise política. Esse é, afinal, um papel que cabe aos… políticos. Sim, é preciso que a gente acompanhe com lupa o trabalho do Ministério Público Federal.
Janot andou a pensar alto por aí. E este blog revela um desses pensamentos, prestem atenção: “Passei a régua e, felizmente, Lula e Dilma estão limpos”. É? Então é hora de voltar à prancheta. E isso implica, parece, encaminhar o acordo de delação premiada com o empresário Ricardo Pessoa, da UTC. Ele está disposto a contar como repassou R$ 30 milhões para as campanhas eleitorais do PT em 2014 — R$ 10 milhões desse total para os cofres da candidatura de Dilma Rousseff. Que diabo, então, de “limpeza” é essa?
Como já resta mais do que evidente, José Eduardo Cardozo, um dos “Três Porquinhos” de Dilma, andou transitando — e transita ainda — freneticamente nos corredores para impedir novas delações premiadas de empreiteiros, com atenção especial dedicada a Pessoa, ex-amigão de… Luiz Inácio Lula da Silva!
Um dos interlocutores frequentes de Cardozo, diga-se, tem sido justamente Janot. E isso não é bom. É evidente que um procurador-geral deve manter relações institucionais com o ministro da Justiça. E só! Em dias como os que vivemos, conversas cordiais entre quem investiga e porta-vozes informais de investigados não parecem constituir atitude muito prudente.
E tudo se torna institucionalmente mais arriscado quando um interlocutor de Janot — como tem sido Cardozo — anuncia ao advogado de um dos réus uma “reviravolta” no caso, com suposto potencial para tragar também a oposição. É preciso muito rigor para que não se alimente a desconfiança, não é?, de que Cardozo sabe mais do que deveria saber sobre o que anda apurando o Ministério Público Federal.
Ademais, não cabe a Jonot saudar o fato de que Lula e Dilma estão limpos. De saída, cabe a pergunta: estão mesmo, ou isso traduz apenas a leitura mais conveniente?
Para entender
José Eduardo Cardozo com Rodrigo Janot. Tudo positivo? Para quem?
Muito bem! O Brasil está de olho em Rodrigo Janot, procurador-geral da República. E espera-se que Rodrigo Janot esteja de olho no Brasil, mais preocupado em dar a resposta necessária à impressionante sucessão de descalabros na Petrobras do que em, digamos, “administrar” a denúncia para amenizar a crise política. Esse é, afinal, um papel que cabe aos… políticos. Sim, é preciso que a gente acompanhe com lupa o trabalho do Ministério Público Federal.
Janot andou a pensar alto por aí. E este blog revela um desses pensamentos, prestem atenção: “Passei a régua e, felizmente, Lula e Dilma estão limpos”. É? Então é hora de voltar à prancheta. E isso implica, parece, encaminhar o acordo de delação premiada com o empresário Ricardo Pessoa, da UTC. Ele está disposto a contar como repassou R$ 30 milhões para as campanhas eleitorais do PT em 2014 — R$ 10 milhões desse total para os cofres da candidatura de Dilma Rousseff. Que diabo, então, de “limpeza” é essa?
Como já resta mais do que evidente, José Eduardo Cardozo, um dos “Três Porquinhos” de Dilma, andou transitando — e transita ainda — freneticamente nos corredores para impedir novas delações premiadas de empreiteiros, com atenção especial dedicada a Pessoa, ex-amigão de… Luiz Inácio Lula da Silva!
Um dos interlocutores frequentes de Cardozo, diga-se, tem sido justamente Janot. E isso não é bom. É evidente que um procurador-geral deve manter relações institucionais com o ministro da Justiça. E só! Em dias como os que vivemos, conversas cordiais entre quem investiga e porta-vozes informais de investigados não parecem constituir atitude muito prudente.
E tudo se torna institucionalmente mais arriscado quando um interlocutor de Janot — como tem sido Cardozo — anuncia ao advogado de um dos réus uma “reviravolta” no caso, com suposto potencial para tragar também a oposição. É preciso muito rigor para que não se alimente a desconfiança, não é?, de que Cardozo sabe mais do que deveria saber sobre o que anda apurando o Ministério Público Federal.
Ademais, não cabe a Jonot saudar o fato de que Lula e Dilma estão limpos. De saída, cabe a pergunta: estão mesmo, ou isso traduz apenas a leitura mais conveniente?
Para entender
O que muita gente não entendeu até agora é que a obsessão do Ministério Público — e, sim, do juiz Sérgio Moro — de provar a existência de um “cartel” e de um suposto “Clube das Empreiteiras”, ao qual se confere um perfil mafioso, muda aquela que é a natureza evidente do jogo.
Fosse assim, os descalabros que se viram poderiam ter se dado em qualquer governo, com qualquer esquema de poder, em parceira com qualquer partido político. E ISSO, LAMENTO DIZER, É ESCANDALOSAMENTE MENTIROSO. O PT e o Planalto gostariam muito que essa versão triunfasse. A verdade é que o esquema, como estava organizado, só poderia ter sido liderado, como foi, pelo PT. O modelo traduz uma forma de entender e de se apropriar do estado, que difere do mensalão apenas na escala e na ousadia. Reportagem de VEJA desta semana revela que Delúbio Soares está na raiz também desse escândalo. A UTC simulou um contrato com a consultoria de José Dirceu para repassar ao chefão petista R$ 2,3 milhões.
A banqueira Kátia Rabello foi condenada a 16 anos e oito meses de cadeia; o publicitário Marcos Valério, a 40 anos e um mês. Você pode achar muito justo, leitor. Ocorre que Dirceu e Delúbio, que agora voltam à ribalta, já estão gozando do conforto de seus lares. Assim, a julgar pelas penas, a gente fica com a impressão de que eles foram muito mais efetivos na arquitetura do mensalão do que a dupla dinâmica do petismo. E essa hipótese, convenham, é ridícula.
Sim, eu sei como as coisas funcionam. A Kátia e Valério, foram imputados mais crimes, as penas foram se somando, e o resultado é o que vemos. Mas é preciso que se analise, então, se algo não acabou sendo mal encaminhado desde a denúncia, erro que não se pode repetir desta feita. A hipótese de que o petrolão chegue à fase de julgamento como mero esquema de assalto aos cofres do país, protagonizado por empreiteiros que decidiram corromper agentes públicos, é coisa ainda mais grave do que uma mentira: É UMA CORRUPÇÃO DA VERDADE. Tal leitura busca absolver o PT de seu crime principal: O ASSALTO À INSTITUCIONALIDADE.
Não cabe a Janot dar-se por satisfeito e aliviado que, passada a régua, nada exista de concreto contra Lula e Dilma. Sugiro ao procurador-geral que encaminhe logo a delação premiada de Ricardo Pessoa. Aí, então, veremos. E sugiro também que suspenda as conversas com José Eduardo Cardozo. Afinal, doutor Janot, como esquecer as palavras de Paulo Okamotto, sócio e faz-tudo de Lula, em entrevista ao Estadão? Ao se referir às relações do PT com as empreiteiras, foi cristalino: “Funciona assim: ‘Você está ganhando dinheiro? Estou. Você pode dar uma pouquinho do seu lucro para o PT? Posso, não posso.’”
Tudo muito claro.
23 de fevereiro de 2015
Reinaldo Azevedo
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