No dia 29 de outubro de 2014, o suíço-brasileiro Bernardo Freiburghaus apresentou à Receita Federal uma declaração de saída, documento exigido de todos aqueles que desejam deixar o Brasil ou se ausentar por mais de 12 meses. Não declinou seu novo endereço, como outros fazem em sua situação. Conforme a Receita informou à força-tarefa do Ministério Público Federal que investiga o petrolão, Freiburghaus indicou apenas uma conta-corrente com cerca de 50 mil francos-suíços, depositados no banco Julius Baer, na Suíça. Freiburghaus tem residência lá. Faltavam poucos dias para a etapa mais importante da Lava Jato, batizada de Juízo Final. Enquanto grandes empreiteiros seguiam para o xadrez, Freiburghaus desaparecia no mundo. Segundo os investigadores, deixara o Brasil em junho.
No começo de novembro, os investigadores já sabiam que Freiburghaus era o grande doleiro dos principais operadores do petrolão. Seus clientes incluíam executivos da Petrobras, como os delatores Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco; lobistas envolvidos no esquema; e empreiteiras, sobretudo a Odebrecht. Freiburghaus atua desde os anos 1990 no mercado negro dos bancos suíços. Especializou-se em clientes cariocas. Para minimizar os riscos de ser descoberto pelas autoridades brasileiras e suíças, usava múltiplos bancos – e, de tempos em tempos, remanejava o dinheiro dos clientes para novas contas secretas. Tinha contato direto com os gerentes dos bancos. Usava uma brasileira de sua confiança, fluente em várias línguas, para se comunicar por e-mail com alguns desses bancos. A força-tarefa do petrolão está à caça dele: há um mandado judicial para que ele fale. Se Freiburghaus colaborar, os investigadores chegarão mais rápido à origem do dinheiro sujo que ele, segundo as provas do caso, repassava aos operadores do esquema. A origem – quem pagava – está nas fornecedoras da Petrobras, sejam empreiteiras ou multinacionais do petróleo.
23 de fevereiro de 2015
in aluizio de amorim
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