POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45
Volta e meia sou tentado a concordar com De Gaulle ou com quem quer que tenha dito que o Brasil não é um país sério.
Nos Estados Unidos, uma escuta telefônica clandestina instalada num comitê de um rival político levou à renúncia o então presidente Richard Nixon.
Agora, pense aí: e se flagrassem em vídeo, nos EUA ou na Europa, um deputado do partido governista confessando que uma empresa pública foi usada para fazer campanha de um presidente à reeleição? Imagine o tamanho do escândalo e as consequências.
No Brasil, caro leitor, a questão é tratada com escárnio pelos donos do poder. Veja o caso de Minas Gerais. Um deputado estadual do PT foi filmado se vangloriando do uso dos Correios na campanha de Dilma e de Pimentel.
Mesmo diante das imagens incontestáveis da fraude, sabe como a presidente da República reagiu ao ser perguntada sobre o flagrante? "Vocês são jornalistas. Vocês acreditam nisso?". Ou seja: ela está sugerindo que, em vez de se ater ao que o vídeo revela, os jornalistas não acreditem no que veem, mas somente no que ela diz.
Pior é constatar que, diante da prova e da versão oficial, há jornalistas que se desmoralizam ao optar pelo engodo chapa-branca.
Na hora de escrever os textos, entre as imagens do que de fato ocorreu e o bla-bla-blá palaciano, eles se comportam bovinamente "neutros", dando ao "desmentido" até mais peso do que à verdade.
Ou seja: se, nos EUA ou na Europa, uma bobagem como essa poderia derrubar um governo, aqui o escândalo ajuda é a fortalecer e levar à reeleição.
Escandaliza-me o fato de que a corrupção hoje no país seja tratada como uma virtude. O caso da quadrilha que roubava a Petrobras para distribuir com aliados do governo Dilma e Lula é clássico.
Quanto mais se descobrem fatos cabeludos da maracutaia, mais crescem as chances de a presidente se reeleger no 1º turno.
As pessoas parecem ignorar que os R$ 10 bilhões desviados dos cofres públicos na Operação Lava-Jato, conforme estimativa da PF, poderiam estar sendo investidos em educação e saúde com "padrão Fifa", como cobraram os manifestantes em junho de 2013.
Mas o que vemos é cada vez mais dinheiro no poço da corrupção. É como se o brasileiro, de tão desencantado, tivesse medo de voltar a sonhar em ser feliz. Preferisse ser enganado do que sonhar com a possibilidade de um país mais digno e mais justo para todos.
06 de outubro de 2014
Plácido Fernandes Vieira, Correio Braziliense
Nos Estados Unidos, uma escuta telefônica clandestina instalada num comitê de um rival político levou à renúncia o então presidente Richard Nixon.
Agora, pense aí: e se flagrassem em vídeo, nos EUA ou na Europa, um deputado do partido governista confessando que uma empresa pública foi usada para fazer campanha de um presidente à reeleição? Imagine o tamanho do escândalo e as consequências.
No Brasil, caro leitor, a questão é tratada com escárnio pelos donos do poder. Veja o caso de Minas Gerais. Um deputado estadual do PT foi filmado se vangloriando do uso dos Correios na campanha de Dilma e de Pimentel.
Mesmo diante das imagens incontestáveis da fraude, sabe como a presidente da República reagiu ao ser perguntada sobre o flagrante? "Vocês são jornalistas. Vocês acreditam nisso?". Ou seja: ela está sugerindo que, em vez de se ater ao que o vídeo revela, os jornalistas não acreditem no que veem, mas somente no que ela diz.
Pior é constatar que, diante da prova e da versão oficial, há jornalistas que se desmoralizam ao optar pelo engodo chapa-branca.
Na hora de escrever os textos, entre as imagens do que de fato ocorreu e o bla-bla-blá palaciano, eles se comportam bovinamente "neutros", dando ao "desmentido" até mais peso do que à verdade.
Ou seja: se, nos EUA ou na Europa, uma bobagem como essa poderia derrubar um governo, aqui o escândalo ajuda é a fortalecer e levar à reeleição.
Escandaliza-me o fato de que a corrupção hoje no país seja tratada como uma virtude. O caso da quadrilha que roubava a Petrobras para distribuir com aliados do governo Dilma e Lula é clássico.
Quanto mais se descobrem fatos cabeludos da maracutaia, mais crescem as chances de a presidente se reeleger no 1º turno.
As pessoas parecem ignorar que os R$ 10 bilhões desviados dos cofres públicos na Operação Lava-Jato, conforme estimativa da PF, poderiam estar sendo investidos em educação e saúde com "padrão Fifa", como cobraram os manifestantes em junho de 2013.
Mas o que vemos é cada vez mais dinheiro no poço da corrupção. É como se o brasileiro, de tão desencantado, tivesse medo de voltar a sonhar em ser feliz. Preferisse ser enganado do que sonhar com a possibilidade de um país mais digno e mais justo para todos.
06 de outubro de 2014
Plácido Fernandes Vieira, Correio Braziliense
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