"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

AFINAL, POR QUE MARINA SILVA FOI DERROTADA DE NOVO?



Marina chorando em público e dando demonstração de fraqueza

Conforme se esperava, no primeiro turno assistimos a uma reta de chegada espetacular, como se diz no linguajar turfístico. A primeira colocada Dilma Rousseff (PT) chegou em primeiro com folga, mas agora está seriamente ameaçada pelo segundo colocado Aécio Neves (PSDB), que apareceu por fora, numa atropelada sensacional, e conseguiu fazer a dupla exata e se inscrever para o Grande Prêmio Governo do Brasil, a corrida final e decisiva, mano a mano, no segundo turno.

Apesar das tentativas de acertos de última hora, nas vésperas das eleições, a verdade é que os conhecidos e desconhecidos “institutos de pesquisas “(melhor chamá-los de “empresas de pesquisas”) fizeram papel feio nessas eleições. Todos erraram grosseiramente. Não apenas os mais afamados, como Ibope, Datafolha e Vox Populi, como também os menos conhecidos, como Sensus e MDA.

As empresas de pesquisas deveriam fazer como o candidato Eduardo Jorge (PV) sugeriu a Levy Fidelix, e pedir perdão aos eleitores. Afinal, elas são pagas para quê? Informar ou enganar a opinião pública?

A estatística é uma ciência social, que pode ser praticamente uma ciência exata, mas é preciso que suas rigorosas regras sejam observadas estritamente. Pesquisa eleitoral é um exemplo de estatística de amostragem. Para que tenham um mínimo de credibilidade, têm de obedecer aos critérios semelhantes ao universo eleitoral, em termos de faixa de idade,  instrução, localização e classe social, com subdivisões bem estabelecidas.

Fazer pesquisa com 2 mil pessoas em 100 municípios, num país das dimensões e das diversidades do Brasil, deveria ser considerado piada do ano.

A QUEDA DE MARINA

Em meio a essa arrancada dos últimos metros, com decisão de segundo lugar no photochart, os torcedores se perguntam por que Marina, que chegara a ser favorita nas apostas, caiu tanto em relação aos outros dois concorrentes.

O fato é o seguinte: quando ela se tornou candidata e passou a subir rapidamente nas pesquisas, os outros candidatos começaram a atacá-la de todas as maneiras.
Essa reação já era esperada, faz parte do jogo, a política brasileira ainda é feita assim, de uma forma sórdida, sem debate de ideias ou programas de governo. A baixaria come solta.

É claro que Marina e seu marqueteiro Diego Brandy tinham de estar preparados para isso. Brandy é um sociológo argentino que trabalhou nas duas campanhas vitoriosas de Campos ao governo de Pernambuco, em 2006 e 2010.
Mas será que Marina ouviu as indicações dele? Provavelmente, não.

ATAQUES DE DILMA E AÉCIO

O certo é que a estratégia de Dilma Rousseff e Aécio Neves passou a ser o ataque direto a Marina Silva. Ao adotar essa postura agressiva, demonstraram disposição, força e empenho para ganhar a eleição.
Enquanto isso, Marina aceitava passivamente essas agressões, não quis atacar os erros de Lula, chegou a chorar em público lembrando a antiga amizade.
Sua equivocada estratégia limitou-se a se defender, adotando uma atitude passiva, passando por vítima, enquanto os outros dois candidatos mostravam-se proativos e aguerridos.

Marina repetiu o erro da seleção brasileira, não apenas chorou em público, como também pediu orações a seus eleitores. Ela demorou a aprender que ninguém gosta de líder fraco.
O candidato precisa ter o estilo de Euclides da Cunha – ser, antes de tudo, um forte. 

O resultado é que parte dos eleitores de Marina voltou a pender para Dilma e outra parte preferiu refluir para Aécio Neves, que mostra grande poder de recuperação e voltou a disputar com chances a passagem para o segundo turno.

É claro que Marina sentiu o golpe e no final subiu o tom da campanha, mas ainda estava longe de falar o que se espera de uma candidata de oposição ao mais corrupto dos governos brasileiros, em todos os tempos.

O próprio Aécio, em nome da “velha amizade”, também foi comedido nas críticas a Lula, mas na política não se aceita esse tipo de vacilação. Não se pode contemporizar com um adversário de tamanho porte.
É um erro. No segundo turno, para ganhar a eleição, Aécio terá de subir o tom das críticas. Como diz aquele título de um velho filme de  faroeste, a “História não fala dos covardes”.

PS – Essas explicações sobre a queda de Marina Silva foram publicadas aqui na Tribuna da Internet algumas semanas antes da eleição. Estamos repetindo o raciocínio porque não aconteceu nada de novo. Marina caiu mesmo porque ninguém gosta de líder fraco. Simples assim.

06 de outubro de 2014
Carlos Newton

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