"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

SE NÃO TEM PÃO, QUE COMAM BRIOCHES... ORA BOLAS!

 
As espirais da vida, em que pese repetirem através da história a essência da humanidade e seus comportamentos, muitas vezes desnorteiam e apontam para desfechos inesperados. É como se atirássemos em algo e acertássemos em outro.
E isso acontece porque, como ensinou Nicolau Maquiavel, temos a tendência de imaginar as coisas como queremos que  sejam e não como elas são.
Por exemplo, não é incomum ocorrer frustrações em negócios provavelmente promissores, em previsões de economistas e videntes que dificilmente dão certo, em expectativas com relação a pessoas que pareciam uma coisa e reagiram de outro modo.
 
Evidentemente, as espirais ou constantes que vem e vão através dos fatos podem ser manipuladas, forjadas para apontar artificialmente em certas direções e, assim, manejar aspirações e sentimentos.
Nesse aspecto se distingue o poder político, especialmente o governamental, que é capaz de forma eficiente de utilizar técnicas de manipulação e táticas de convencimento da opinião publica.
 
Campanhas são momentos privilegiados em que as técnicas e táticas se evidenciam com vigor.
O marketing, então, se torna preciosa arte de construir imagens que agradem aos eleitores e marqueteiros ensinam candidatos a falar, a se expressar corporalmente, a se comportar e, sobretudo, a representar no palco iluminado da política.
 
No caso do PT, além de se orientar pelo marqueteiro funciona com seu próprio modo de ser e sempre utilizou as seguintes táticas: a mentira, a intimidação, a repetição como mantras de certas ideias como aquelas que denigrem o oponente, a atribuição aos outros dos próprios erros, o incitamento ao ódio entre ricos e pobres e entre negros e brancos, o posicionamento petista como único capaz de proteger e salvar os pobres e oprimidos. Enfim, petistas são maniqueístas: nós somos os bons, os demais são os ruins.
 
E tem as pesquisas usadas como táticas de campanha, que também podem induzir e confundir eleitores.
 
Nesta eleição ficou evidente no primeiro turno que os grandes institutos erraram feio e muito. Naturalmente, eles se defendem, mas tudo indica que se confirmaram as palavras do ministro e estadista inglês de origem judaica, Disraeli: “a estatística é uma forma nobre de mentira”.
 
Façamos, então, um pequeno cálculo com relação ao primeiro turno para ver se o inglês tinha razão:
 
A última pesquisa IBOPE/TV Globo e Estadão de 04/10 mostrava o seguinte resultado:
 
Dilma 40%
Aécio 24%
Marina 21%
 
A pesquisa Datafolha/Jornal Folha de S. Paulo e TV Globo na mesma data apontava para:
 
Dilma, 40%
Aécio 24%
Marina 22%
 
Pois bem, 142.822.046 foi o total de votantes. 104.023.802 foram os votos válidos, ou seja, 38.798.244 brasileiros votaram em branco, anularam o voto ou se abstiveram de votar o que significa 27,17% dos votos válidos.
 
De acordo com os votos válidos, 104.023.802, tivemos a seguinte situação pelo TSE:
 
Dilma teve 43.267.668 votos, que representam 41,59% dos votos válidos.
Aécio teve 34.897.211 votos que representam 33,55% dos votos válidos.
Marina teve 22.176.619 votos que representam 21,32% dos votos válidos.
 
Tomando em consideração o total de votantes, 142.822.046, que é base de cálculo dos institutos de pesquisa teremos o seguinte resultado:
 
Dilma teve 43.267.668 votos que representam 30,29% do total de votos.
Aécio teve 34.897.211 votos, que representam 24,43% do total de votos.
Marina teve 22.176.619 dos votos que representam 15,53% do total dos votos.
 
Como se vê, as pesquisas erraram muito. Mas deixemos a aridez dos cálculos onde se utilizou a regra três e vejamos algumas notícias da economia:
 
O Estado de S. Paulo - 30/08/2014: investimento e indústria afundam e o Brasil entra em recessão.
 
O Estado de S. Paulo – 11/09/2014: prévia da FGV indica piora no emprego.
Folha de S. Paulo – 01/10/2014: economia do governo desaba para 10% da meta deste ano.
 
O Estado de S. Paulo – 09/10/2014: com a inflação tendo atingido 6,75% em doze meses o secretário de Política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, recomendou ontem o seguinte:
“os brasileiros tem uma série de outros produtos substitutos para a carne, como frangos e ovos, que vêm representando comportamento benigno este ano”.
 
Na Revolução Francesa a rainha Maria Antonieta mandou dar brioche ao povo que pedia pão e acabou guilhotinada.
As espirais da história às vezes se repetem com outras formas e com sinais trocados, mas sempre com a mesma essência humana.
A presidente/candidata que se cuide.
 
13 de outubro de 2014
Maria Lucia Victor Barbosa
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

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