“Quando, daqui a vinte anos, os historiadores se debruçarem sobre a história do mundo, que fatos destacarão como os mais importantes? Os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono em 11 de setembro de 2001, a Guerra do Iraque, o terror do Estado Islâmico? Ou a convergência de tecnologia e determinados acontecimentos que permitiram à Índia, China e tantos outros países ingressarem na cadeia global de fornecimento de serviços e produtos, deflagrando uma explosão de riqueza nas classes médias dos dois maiores países do mundo, e convertendo-os, assim, em grandes interessados no sucesso da globalização? Será que, em decorrência desse ‘achatamento’ do globo, que faz com que tenhamos de correr mais para continuarmos no mesmo lugar, o mundo ficou pequeno e rápido demais para os seres humanos e seus sistemas políticos se adaptarem de maneira estável?” (Com a Globalização o Mundo ficou Plano)
Ao que tudo indica, China e Índia se converterão em plataformas de produção e serviços assim como consideráveis mercados finais. A China é, atualmente, o segundo maior mercado de veículos e, em 2010, o governo planeou que todas as cidades com mais de 500 mil habitantes estejam unidas por uma rede de estradas semelhantes às dos EUA.
Com freqüência, Índia e China são tidas como rivais, pois estão lutando pela liderança da Ásia com suas formidáveis credenciais, populações de mais de um bilhão de pessoas, economias em rápido crescimento e amplos mercados para as empresas de bens de consumo. As perspectivas de negócios em cada país são colossais e não é fácil dizer qual dos dois oferecerá aos investidores as melhores vantagens, embora a China esteja hoje à frente da Índia, pois embora pareça incrível, tem uma economia mais aberta, melhor educação elementar e uma infraestrutura superior. Possui melhores condições de comunicação, como a utilização de telefonia celular per capita e acesso à Internet. Também está mais integrada na economia global graças a um maciço investimento em estradas, portos e aeroportos, eletrificação e energia. Tudo isso facilita a exportação.
A propósito, vejam esta notícia de 7 de agosto de 2006, transmitida desde Pequim pela agência EFE. Ela parece confirmar o provérbio africano que, devidamente traduzido para o mandarim, o gerente da ASIMCO Technologies, fabricante de peças de automóveis, um chinês que estudara nos EUA, mandou afixar no chão da fábrica, em Pequim: “Todos os dias de manhã, na África, o antílope desperta. Ele sabe que terá de correr mais rápido que o mais rápido dos leões, para não ser morto. Todos os dias, pela manhã, desperta o leão. Ele sabe que terá de correr mais rápido que o antílope mais lento, para não morrer de fome. Não interessa que bicho você é, se leão ou antílope. Quando amanhece, é melhor começar a correr”.
Eis a notícia da agência EFE: “A companhia regional chinesa Shenzhen Airlines contratou 40 pilotos brasileiros que haviam sido demitidos pela Varig”, informou o jornal Beijing News.
O rápido desenvolvimento da indústria chinesa levou a uma escassez tanto de aeronaves como de pilotos no país. Por isso, Pequim passou a permitir que as companhias aéreas contratem estrangeiros para pilotar seus aviões.
Os 40 brasileiros foram contratados ainda no Brasil, onde tiveram que passar por um exame físico, teórico e uma entrevista. Além disso, todos chegaram à China com a licença da Administração Chinesa de Aviação Civil já expedida, segundo a televisão estatal CCTV.
Os pilotos receberão cerca de US$ 8.000 ao mês, um pouco mais do que recebiam em seu antigo trabalho, e o triplo do salário dos comandantes chineses, segundo o vice-presidente da companhia, Zhang Pei.
Os analistas prevêem que a China duplicará sua frota de aviões de carga e passageiros nos próximos cinco anos. Ao final desse período, as empresas precisarão ter contratado mais cerca de 6.500 pilotos. As companhias aéreas chinesas empregam atualmente 11.000 pilotos, e algumas das grandes companhias do país, como Air China e Xangai Airlines, já começaram a recrutar comandantes estrangeiros.
Segundo o vice-ministro da Administração de Aviação Civil, Gao Hongfeng, as companhias aéreas do país aumentariam sua frota em 1.580 aeronaves até 2010. Atualmente são usados 863 aviões”. A Embraer, em 30 de agosto de 2006, assinou um contrato de venda de 100 aviões para a China, no valor de US$ 2,7 bilhões, a maior venda da estatal brasileira para o território chinês, em 2006. São 50 aviões ERJ 145, de 50 lugares, cuja entrega teve início em setembro de 2007, e 50 Embraer 190, de 100 lugares, entregues em dezembro de 2007. O presidente da empresaHNA, Chen Feng, quarta maior empresa aérea chinesa, previu que a demanda chinesa para o setor aeronáutico deverá alcançar o volume de mais mil aviões (Agência Brasil, 30 de agosto de 2006).
Também a fabricante de automóveis Volkswagen, que vinha causando polêmica no Brasil com a ameaça de fechamento de sua fábrica em São Bernardo do Campo e o número alto de demissões, planeja investir 400 milhões de euros na construção de uma nova fábrica na Índia, segundo publicou em 31 de agosto de 2006 a revista alemã Spiegel.
13 de outubro de 2014
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
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