EU VOTO AÉCIO 45
Se empreiteiras que abasteceram esquema de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef resolverem falar, será feita uma radiografia do escândalo bastante detalhada
À medida que se conhecem informações sobre depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ao Ministério Público e Justiça, prestados sob acordo de delação premiada, e também detalhes das operações de lavagem de dinheiro feitas pelo doleiro Alberto Youssef, prestador de serviços a Paulo Roberto, ganha forma um escândalo de proporções gigantescas. Nas cifras e na quantidade de atores.
Se o esquema criminoso de desvio de dinheiro que operou dentro da Petrobras parece ter objetivo semelhante ao mensalão, tanto o petista quanto o tucano — surrupiar dinheiro público para despejá-lo no caixa dois de políticos e, talvez, partidos —, o volume da roubalheira, por sua vez, deverá superar bastante aquele que trafegou no valerioduto. A verba de marketing e publicidade do Banco do Brasil/Visanet abasteceu bastante esse duto, no mensalão do PT, cujo movimento teria sido de 140 milhões. Já no bunker de corrupção montado na estatal, apenas de Paulo Roberto Costa a Polícia Federal, com ajuda externa, detectou US$ 23 milhões, ou cerca de R$ 50 milhões, depositados em contas secretas na Suíça. Falta todo o resto.
Enquanto o foco se concentra no ex-diretor da estatal, muita luz vai sendo jogada sobre o caso em depoimentos de pessoas próximas a Youssef, a principal delas a contadora Meire Poza. Documentos e relatos ajudam no rastreamento de um grupo de empresas laranjas de Youssef, criadas para receber propina de empreiteiras contratadas pela Petrobras. Aqui, Paulo Roberto e o doleiro estabeleceram uma parceria milionária.
No centro do golpe — Pasadena à parte —, estava a construção de Abreu e Lima, a incrível refinaria cujo custo foi multiplicado por dez: de US$ 1,8 bilhão para US$ 18 bilhões.
Identificaram-se pagamentos de empreiteiras como Queiroz Galvão, OAS, Engevix, Camargo Correia/Sanko Sider às firmas GFD Investimentos e MO Consultoria, abertas por Youssef para prestar serviços inexistentes. Como polícia, MP e Justiça parecem bem fundamentados, empresas que contribuíram para o bunker da corrupção da estatal analisam a possibilidade de, como Paulo Roberto, negociar “acordos de leniência”, nome dado à delação premiada de pessoa jurídica.
Notícia animadora, porque, no Brasil, a norma é descobrir e punir — isto, menos — o corrupto. Nunca o corruptor. Mas a partir da Lei Anticorrupção, sancionada em agosto, a pessoa jurídica passou a ser criminalizada e foi aberta a possibilidade de acordos de delação.
Aliás, no caso do cartel dos trens, em São Paulo, em que políticos tucanos estão envolvidos, mesmo antes da lei a Siemens decidiu colaborar com as investigações, para atenuar penalidades.
Se o mesmo acontecer no escândalo da Petrobras, será possível obter uma radiografia do golpe bem mais detalhada que aquela feita no mensalão pela PF e o Ministério Público Federal.
Se empreiteiras que abasteceram esquema de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef resolverem falar, será feita uma radiografia do escândalo bastante detalhada
À medida que se conhecem informações sobre depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ao Ministério Público e Justiça, prestados sob acordo de delação premiada, e também detalhes das operações de lavagem de dinheiro feitas pelo doleiro Alberto Youssef, prestador de serviços a Paulo Roberto, ganha forma um escândalo de proporções gigantescas. Nas cifras e na quantidade de atores.
Se o esquema criminoso de desvio de dinheiro que operou dentro da Petrobras parece ter objetivo semelhante ao mensalão, tanto o petista quanto o tucano — surrupiar dinheiro público para despejá-lo no caixa dois de políticos e, talvez, partidos —, o volume da roubalheira, por sua vez, deverá superar bastante aquele que trafegou no valerioduto. A verba de marketing e publicidade do Banco do Brasil/Visanet abasteceu bastante esse duto, no mensalão do PT, cujo movimento teria sido de 140 milhões. Já no bunker de corrupção montado na estatal, apenas de Paulo Roberto Costa a Polícia Federal, com ajuda externa, detectou US$ 23 milhões, ou cerca de R$ 50 milhões, depositados em contas secretas na Suíça. Falta todo o resto.
Enquanto o foco se concentra no ex-diretor da estatal, muita luz vai sendo jogada sobre o caso em depoimentos de pessoas próximas a Youssef, a principal delas a contadora Meire Poza. Documentos e relatos ajudam no rastreamento de um grupo de empresas laranjas de Youssef, criadas para receber propina de empreiteiras contratadas pela Petrobras. Aqui, Paulo Roberto e o doleiro estabeleceram uma parceria milionária.
No centro do golpe — Pasadena à parte —, estava a construção de Abreu e Lima, a incrível refinaria cujo custo foi multiplicado por dez: de US$ 1,8 bilhão para US$ 18 bilhões.
Identificaram-se pagamentos de empreiteiras como Queiroz Galvão, OAS, Engevix, Camargo Correia/Sanko Sider às firmas GFD Investimentos e MO Consultoria, abertas por Youssef para prestar serviços inexistentes. Como polícia, MP e Justiça parecem bem fundamentados, empresas que contribuíram para o bunker da corrupção da estatal analisam a possibilidade de, como Paulo Roberto, negociar “acordos de leniência”, nome dado à delação premiada de pessoa jurídica.
Notícia animadora, porque, no Brasil, a norma é descobrir e punir — isto, menos — o corrupto. Nunca o corruptor. Mas a partir da Lei Anticorrupção, sancionada em agosto, a pessoa jurídica passou a ser criminalizada e foi aberta a possibilidade de acordos de delação.
Aliás, no caso do cartel dos trens, em São Paulo, em que políticos tucanos estão envolvidos, mesmo antes da lei a Siemens decidiu colaborar com as investigações, para atenuar penalidades.
Se o mesmo acontecer no escândalo da Petrobras, será possível obter uma radiografia do golpe bem mais detalhada que aquela feita no mensalão pela PF e o Ministério Público Federal.
24 de setembro de 2014
Editorial O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário