EU VOTO AÉCIO 45
Mais próximo o dia da eleição, mais promessas vazias, acusações, mentiras e xingamentos no bate-boca entre os candidatos. Debater é bom, desperta o eleitor, mas o conteúdo está errado, não foca o que importa. Não se debatem o futuro da economia, os compromissos e propostas para o País recuperar confiança, voltar a investir e crescer. Os programas de governo que eles apresentaram ao Tribunal Superior Eleitoral são meras peças publicitárias, plataformas eleitorais que passam muito longe dos reais problemas econômicos do País - estes ignorados como se não existissem.
Mais próximo o dia da eleição, mais promessas vazias, acusações, mentiras e xingamentos no bate-boca entre os candidatos. Debater é bom, desperta o eleitor, mas o conteúdo está errado, não foca o que importa. Não se debatem o futuro da economia, os compromissos e propostas para o País recuperar confiança, voltar a investir e crescer. Os programas de governo que eles apresentaram ao Tribunal Superior Eleitoral são meras peças publicitárias, plataformas eleitorais que passam muito longe dos reais problemas econômicos do País - estes ignorados como se não existissem.
Dos três candidatos com chances de vitória, partiu de Marina Silva (PSB) a surpreendente iniciativa de debater um tema de popularidade inatingível, embora de importância vital para as gestões fiscal e macroeconômica: a independência do Banco Central (BC). Se a grande maioria da população desconhecia o significado de um BC autônomo e livre de influências da classe política, teve agora a chance de conhecer. E a credibilidade da candidata do PT foi golpeada - feito haraquiri - pela pobre, simplória e enganadora explicação em seu programa eleitoral de que independência do BC é entregar aos banqueiros o comando do País. É zombar da inteligência do eleitor. A decisão da Justiça Eleitoral de suspender tal propaganda foi a pá de cal.
No início da campanha, o tucano Aécio Neves assumiu o compromisso de fortalecer o tripé macroeconômico -superávit fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação. Outro tema relevante que, levado ao debate, teria o mérito de esclarecer a população sobre o futuro da gestão econômica. Mas Aécio deu o recado e não voltou mais ao assunto, retomado depois por Marina, também de passagem. E os temas econômicos que importam ficaram por aí.
Dos três, a mais interessada em detalhar um programa econômico verdadeiro deveria ser Dilma Rousseff, justamente porque foi em seu governo que a economia travou, o investimento privado parou, a população retraiu o consumo e a falta de confiança se instalou.
Para recuperar a confiança, ela precisa revelar o que vai fazer para destravar a economia, sair da recessão e do pibinho de 0,3% e voltar a crescer. Precisa garantir ao investidor que o governo vai regular, mas não interferir em seus negócios, e que o dinheiro do BNDES vai financiar todos os setores que apresentarem projetos para o progresso do País, e não mais escolher e premiar empresas amigas. Tampouco distribuir favores fiscais a poucos, penalizando a maioria. E mais: como vai reorganizar o caótico setor elétrico e recuperar a imagem e o caixa da Petrobrás. Se para baixar os juros é preciso reduzir os gastos do governo, como diz o Banco Central, ela precisa responder por que insiste em manter uma estrutura cara de 39 ministérios se a maioria deles serve apenas para barganhar cargos, verbas e corrupção com partidos políticos aliados. Não basta dizer que vai demitir o ministro Guido Mantega se a política econômica não é dele, é dela.
A lista é ampla, mas esta já seria um bom começo. E essas questões deveriam ser respondidas também por Aécio Neves e Marina Silva.
Outra forma de clarear a cegueira do eleitor seria os candidatos anteciparem nomes que ocuparão cargos chave no futuro governo, como propôs o embaixador Jório Dauster em artigo na Folha de S.Paulo em fevereiro. Ao lembrar que a prática de surpreender o País com nomes tirados do bolso do colete "causa impacto na vida econômica e política, estimula a especulação financeira e paralisa a administração pública", Dauster propõe aos candidatos que revelem, antes do primeiro turno, pelo menos os nomes dos ministros da Justiça, Fazenda, Relações Exteriores e Casa Civil. "É o quanto basta para sabermos quem zelará pela ética do governo; quem cuidará das contas públicas; quem orientará a inserção do Brasil no mundo; e quem coordenará as ações dos titulares das outras pastas", argumenta o embaixador.
Aécio Neves anunciou Armínio Fraga como seu ministro da Fazenda. Dilma prometeu tirar Guido Mantega, mas não diz quem colocará no lugar. Marina Silva silenciou. Faltam 15 dias, ainda há tempo.
24 de setembro de 2014
Suely Caldas, O Estado de S.Paulo
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