"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

DOS INTRINCADOS SIGNIFICADOS

                    

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Meu colega lusitano Manoel José me contou um caso ótimo, engraçado, mas que vem provar que a língua portuguesa é uma das mais difíceis do mundo, até para nós. Principalmente o português praticado no Brasil…
Aconteceu na recepção dum salão de convenções, em Fortaleza.
- Por favor, gostaria de fazer minha inscrição para o Congresso.
- Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?
- Sou de Maputo, Moçambique.
- Da África, né?
- Sim, sim, da África.
- Aqui está cheio de africanos, vindos de toda parte do mundo. O mundo está cheio de africanos.
- É verdade. Mas se pensar bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o berço antropológico da humanidade…
- Pronto, senhor, tem uma palestra agora mesmo na sala meia oito.
- Desculpe, qual sala?
- Meia oito.
- Podes escrever?
- Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito, assim, veja: 68.
- Ah, entendi, ‘meia’ é ‘seis’.
- Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: A organização  do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material: DVD, apostilas, etc, gostaria de encomendar?
- Quanto tenho que pagar?
- O preço é dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam ‘meia’.
- Hmmm! que bom. Ai está: ‘seis’ reais.
- Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?
- Pago meia? Só cinco? ‘Meia’ é ‘cinco’?
- Isso, meia é cinco.
- Tá bom, ‘meia’ é ‘cinco’.
- Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.
- Então, já começou há quinze minutos, são nove e vinte.
- Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.
- Pensei que fosse às 9:05, pois ‘meia’ não é ‘cinco’? Você pode escrever aqui a hora que  começa?
- Nove e meia, assim, veja: 9:30
- Ah, entendi, ‘meia’ é ‘trinta’.
- Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado?
- Sim, já estou na casa de um amigo.
- Em que bairro?
- No Trinta Bocas.
- Trinta bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria no Seis Bocas?
- Isso mesmo, no bairro ‘Meia’ Boca.
- Não é meia boca, é um bairro nobre.
- Então deve ser ‘cinco’ bocas.
- Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso seis bocas. Entendeu?
- Acabou?
- Não, senhor. É proibido entrar no evento de sandálias. Coloque uma meia e um sapato…

Apesar de pensar que o caso talvez seja uma meia licença poética, acho que o recepcionista deveria ter dado mais avisos, que não são meia verdade: – Senhor, não ande pela cidade sozinho à meia noite e não peça meia dose de bebida que os donos de bares não servem… E a mais importante: Nunca chame um baixinho de meia foda que ele sai pra briga.

16 de abril de 2014
Anhanguera

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