Defender o governo pode ser tarefa extremamente difícil, mesmo diante de uma oposição complacente. Foi o que mostraram senadores do bloco governista, sob liderança do Partido dos Trabalhadores, ontem no Senado, refletindo a divisão existente entre aliados.
“Temos de dizer que a nossa Petrobras é competitiva”, exaltou o senador Aníbal Diniz (PT-AC), diante da presidente da estatal, Maria das Graças Foster, que se esforçou durante seis horas no garimpo de adjetivos para definir o pagamento de US$ 1,2 bilhão na compra da refinaria de Pasadena (Texas), durante o governo Lula e sob a presidencia de José Gabrielli. “Não foi um bom negócio”, admitiu, indicando o prejuízo: US$ 530 milhões. Sem chance de recuperação.
Delcídio Amaral (PT-MS) se preocupou em multiplicar a cascata de elogios à presidente da estatal iniciada pela oposição — e foi do “competente” até “querida”.
José Pimentel (PT-CE) tentou o impossível, uma celebração da “forma de governança” da estatal, objeto de crítica até da presidente Dilma Rousseff. Então, apareceu a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) para dizer que “o verdadeiro debate político é querer mudar o marco regulatório do petróleo”. Ninguém entendeu. Também incompreensível ficou o líder do governo Eduardo Braga (PMDB-AM): “A Petrobras é como alguém da nossa família”. E, ainda, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), para quem a estatal “não será destruída porque é do povo brasileiro”.
Do lado de fora, um parlamentar experiente, aliado do governo, fazia uma curiosa anotação: “André Vargas, porta-voz do ‘Volta, Lula’, virtualmente cassado; Graça Foster, dilmista, joga culpa na administração anterior...”. Um jornalista o interrompeu, perguntando sobre rumores de que, após a Páscoa, surgiriam novos personagens nos inquéritos.
Ouviu uma resposta enigmática, cantarolada em versos da dupla João Bosco e Aldir Blanc: “Há muito tempo nas águas da Guanabara/ O dragão do mar reapareceu/ Na figura de um bravo feiticeiro/ A quem a História não esqueceu...”.
16 de abril de 2014
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