O Brasil assiste hoje a um fenômeno relativamente novo: uma importante expatriação de capitais financeiros locais em busca de segurança no exterior. Um afastamento do "dinheiro bom".
Uma fuga do "dinheiro quente". Um abandono pelo "dinheiro empreendedor". Prática regular entre as grandes fortunas financeiras de outros países latino-americanos que há muito navegam a rota da desesperança, não se trata mais apenas da fuga do "dinheiro frio" de sonegadores e traficantes, do "dinheiro esperto" de especuladores e financistas nem dos capitais apátridas de empresas multinacionais.
Ao contrário, trata-se agora de uma alocação sistemática e crescente de grande parte dos portfólios locais sob forma de aplicações financeiras no exterior. Essa expatriação sistêmica de fluxos da poupança nacional reflete a maior sofisticação dos aplicadores em suas necessidades de diversificação dos veículos de investimento. Mas não há dúvida de que reflete, em sua maior parte, uma inequívoca e ininterrupta deterioração dos fundamentos da economia brasileira. Pois não se trata de uma busca por maiores taxas de retorno lá fora, e sim de uma necessidade de escapar aos maiores riscos percebidos aqui dentro.
Com as economias dos países desenvolvidos travadas por anos a fio pela grande crise contemporânea, abriu-se uma enorme janela de oportunidade para que o Brasil se transformasse na nova fronteira de crescimento da economia mundial. Mas tropeçamos miseravelmente em nossas próprias pernas. Afastamo-nos progressivamente dos bons fundamentos fiscais, monetários e até contábeis, descambando para o controle de preços e a regulamentação inadequada em áreas críticas como energia e petróleo. Nada que não se possa reparar, mas tudo se deve corrigir antes que se aprofunde a decepção rumo à tragédia.
As taxas de juros nos mercados financeiros globais permanecem extraordinariamente baixas. Apesar do anúncio de sua eventual elevação pelos bancos centrais, os ajustes sob consideração seriam demasiado pequenos para que pudessem explicar essa onda crescente de poupança brasileira que se move em direção ao exterior. A verdade é que tem ocorrido, ao longo dos últimos anos, uma clara reversão de expectativas anteriormente favoráveis quanto ao crescimento do país. Tem conserto, pois a culpa é inteiramente nossa.
Uma fuga do "dinheiro quente". Um abandono pelo "dinheiro empreendedor". Prática regular entre as grandes fortunas financeiras de outros países latino-americanos que há muito navegam a rota da desesperança, não se trata mais apenas da fuga do "dinheiro frio" de sonegadores e traficantes, do "dinheiro esperto" de especuladores e financistas nem dos capitais apátridas de empresas multinacionais.
Ao contrário, trata-se agora de uma alocação sistemática e crescente de grande parte dos portfólios locais sob forma de aplicações financeiras no exterior. Essa expatriação sistêmica de fluxos da poupança nacional reflete a maior sofisticação dos aplicadores em suas necessidades de diversificação dos veículos de investimento. Mas não há dúvida de que reflete, em sua maior parte, uma inequívoca e ininterrupta deterioração dos fundamentos da economia brasileira. Pois não se trata de uma busca por maiores taxas de retorno lá fora, e sim de uma necessidade de escapar aos maiores riscos percebidos aqui dentro.
Com as economias dos países desenvolvidos travadas por anos a fio pela grande crise contemporânea, abriu-se uma enorme janela de oportunidade para que o Brasil se transformasse na nova fronteira de crescimento da economia mundial. Mas tropeçamos miseravelmente em nossas próprias pernas. Afastamo-nos progressivamente dos bons fundamentos fiscais, monetários e até contábeis, descambando para o controle de preços e a regulamentação inadequada em áreas críticas como energia e petróleo. Nada que não se possa reparar, mas tudo se deve corrigir antes que se aprofunde a decepção rumo à tragédia.
As taxas de juros nos mercados financeiros globais permanecem extraordinariamente baixas. Apesar do anúncio de sua eventual elevação pelos bancos centrais, os ajustes sob consideração seriam demasiado pequenos para que pudessem explicar essa onda crescente de poupança brasileira que se move em direção ao exterior. A verdade é que tem ocorrido, ao longo dos últimos anos, uma clara reversão de expectativas anteriormente favoráveis quanto ao crescimento do país. Tem conserto, pois a culpa é inteiramente nossa.
24 de março de 2014
Paulo Guedes, O Globo
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