No Lula não pegava e não pega nada. Do mensalão às variadas denúncias que ele dizia não saber, junto com suas viagens acompanhadas ao exterior e agora as inexplicáveis caronas por todos os continentes em jatinhos de empreiteiras, para não falar nas acusações de Romeu Tuma Júnior, o primeiro-companheiro passa incólume por todas. Parece não ser com ele, blindado que se encontra por seu passado de operário e, sem nenhuma dúvida, pelo governo profícuo que fez.
Será a mesma coisa com a presidente Dilma? Ainda que por enquanto protegida pelo guarda-chuva lulista, não se livra de pingos d’água cada vez mais grossos. Tendo emergido da classe média, longe do proletariado, com passagem pelo polêmico período da subversão, ela vem deixando sinais capazes de torná-la vulnerável perante o eleitorado. Começa pelo seu gênio irascível e pelas sucessivas queixas de quantos trabalharam com ela e não trabalham mais, ainda que também os que trabalham.
Isso vem desde os tempos do ministério de Minas e Energia à Casa Civil e agora à presidência da República. Tornaram-se voz comum as reprimendas que ela passava e passa em ministros, assessores e políticos da base de seu governo. Por obrigação ou covardia, muitos elogiam essa postura de madre superiora do convento, mas todos reclamam, ainda que num razoável sigilo. Seu comportamento imperial diante dos partidos, a começar pelo próprio, o PT, desperta amuos e idiossincrasias, deles não escapando a imprensa.
Reconhecido amplamente e até comprovado pela televisão, à medida em que o tempo passa esse modo de ser áspero e inflexível, do qual apenas o neto é poupado, acaba transbordando ao seu redor e ganhando os comentários gerais.
É nessa etapa que se evidencia a diferença entre o criador e a criatura. O Lula consegue ser reverenciado e até amado, enquanto Dilma por enquanto vem sendo apenas respeitada. A um se perdoam pecados, menos os adversários empedernidos, mas a outra cobram-se os excessos e a arrogância que nem os sabujos omitem.
Abertas as comportas da sucessão presidencial, começam a fluir as correntes em gravidade impossível de ser contida. Acontecesse com o Lula o episódio inconcluso da compra e venda da refinaria belgo-americana da Petrobrás e a imensa maioria nacional estaria dando de ombros, culpando os diretores da empresa e aceitando o argumento de que ele não sabia de nada, pois um presidente não pode saber de tudo.
Com Dilma está sendo diferente. Já se fala numa CPI capaz de interpelá-la, menos porque era presidente do Conselho de Administração, mais porque todos reagem à sua imagem de dona da verdade, juiz e vigilante inflexível de tudo o que acontece. Em condições normais seria aceitável entender-se a presidente como ministra de todos os ministérios, diretora de todos os departamentos e chefe de todas as seções do serviço público. Candidata a um segundo mandato, porém, pouco lhe será perdoado. Por enquanto não se fala do povão, alheio aos meandros da administração publica. Quando outubro estiver chegando, porém…
24 de março de 2014
Carlos Chagas
Será a mesma coisa com a presidente Dilma? Ainda que por enquanto protegida pelo guarda-chuva lulista, não se livra de pingos d’água cada vez mais grossos. Tendo emergido da classe média, longe do proletariado, com passagem pelo polêmico período da subversão, ela vem deixando sinais capazes de torná-la vulnerável perante o eleitorado. Começa pelo seu gênio irascível e pelas sucessivas queixas de quantos trabalharam com ela e não trabalham mais, ainda que também os que trabalham.
Isso vem desde os tempos do ministério de Minas e Energia à Casa Civil e agora à presidência da República. Tornaram-se voz comum as reprimendas que ela passava e passa em ministros, assessores e políticos da base de seu governo. Por obrigação ou covardia, muitos elogiam essa postura de madre superiora do convento, mas todos reclamam, ainda que num razoável sigilo. Seu comportamento imperial diante dos partidos, a começar pelo próprio, o PT, desperta amuos e idiossincrasias, deles não escapando a imprensa.
Reconhecido amplamente e até comprovado pela televisão, à medida em que o tempo passa esse modo de ser áspero e inflexível, do qual apenas o neto é poupado, acaba transbordando ao seu redor e ganhando os comentários gerais.
É nessa etapa que se evidencia a diferença entre o criador e a criatura. O Lula consegue ser reverenciado e até amado, enquanto Dilma por enquanto vem sendo apenas respeitada. A um se perdoam pecados, menos os adversários empedernidos, mas a outra cobram-se os excessos e a arrogância que nem os sabujos omitem.
Abertas as comportas da sucessão presidencial, começam a fluir as correntes em gravidade impossível de ser contida. Acontecesse com o Lula o episódio inconcluso da compra e venda da refinaria belgo-americana da Petrobrás e a imensa maioria nacional estaria dando de ombros, culpando os diretores da empresa e aceitando o argumento de que ele não sabia de nada, pois um presidente não pode saber de tudo.
Com Dilma está sendo diferente. Já se fala numa CPI capaz de interpelá-la, menos porque era presidente do Conselho de Administração, mais porque todos reagem à sua imagem de dona da verdade, juiz e vigilante inflexível de tudo o que acontece. Em condições normais seria aceitável entender-se a presidente como ministra de todos os ministérios, diretora de todos os departamentos e chefe de todas as seções do serviço público. Candidata a um segundo mandato, porém, pouco lhe será perdoado. Por enquanto não se fala do povão, alheio aos meandros da administração publica. Quando outubro estiver chegando, porém…
24 de março de 2014
Carlos Chagas
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