"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

METADE DOS ESTADOS E O DF FECHARAM 2013 COM GASTOS ACIMA DAS RECEITAS

Metade dos Estados tem rombo fiscal

Dados recém-apurados mostram que, em metade dos Estados e no Distrito Federal, as receitas de 2013 foram insuficientes para cobrir os gastos com pessoal, custeio administrativo e investimentos.
 
A incidência de contas no vermelho cresce de forma inédita desde que a Lei de Responsabilidade Fiscal foi aprovada, em 2000, com o objetivo principal de disciplinar as finanças estaduais.
 
Da atual safra de governadores, só 2 haviam terminado o primeiro ano do atual mandato com deficit fiscal; o número saltou para 8 em 2012 e 14 em 2013, segundo levantamento feito pela Folha.
 
A rápida deterioração resulta de uma estratégia adotada nos últimos dois anos pelo governo Dilma Rousseff para elevar os investimentos em infraestrutura.
 
A União autorizou os Estados a ampliar seu endividamento para financiar obras em transporte, saneamento, urbanismo e habitação -e o BNDES, banco federal de fomento, elevou o crédito para os governos regionais.
 
Os investimentos, de fato, cresceram: em valores aproximados (ainda não há números fechados para todos os Estados), de R$ 36 bilhões, em 2011, para R$ 55 bilhões no ano passado.
 
Mas a piora das contas contribuiu para tornar inviáveis as metas oficiais de superavit primário -a poupança destinada ao abatimento da dívida pública.
 
Em 2013, a equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda) contava com um superavit de R$ 48 bilhões dos governos estaduais e municipais. O resultado efetivo foi um terço do esperado.
 
Os valores calculados pelos Estados se baseiam em metodologia diferente da adotada pelo Banco Central, mas apontam a mesma tendência de afrouxamento generalizado do controle dos gastos.
 
CUSTO COPA

Há casos mais e menos intensos de deficit primário nos Estados. Em valores absolutos, o maior rombo orçamentário foi contabilizado no Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral (PMDB) arca com investimentos voltados para a Copa deste ano e a Olimpíada de 2016.
 
Na comparação com as dimensões da economia local, o maior deficit é o de Roraima, equivalente a mais de 10% do Produto Interno Bruto do Estado, o menor do país.
 
O presidenciável Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, manteve as contas no vermelho nos três anos de seu segundo mandato. O governo pernambucano argumenta que seu endividamento é baixo e os resultados foram pactuados com o Ministério da Fazenda.
 
Ainda que a dívida pública não seja hoje tão elevada quanto na década de 1990, a queda do superavit passou a preocupar os analistas em razão do impacto dos gastos de União, Estados e municípios na inflação e nas transações com o exterior.
 
A expansão das despesas alimenta o consumo, que cresce mais rapidamente que a produção de bens e serviços, elevando os preços e as importações -o que tende a se agravar neste ano de eleições para presidente e governador.

 Editoria de Arte/Folhapress 


17 de fevereiro de 2014
GUSTAVO PATU - Folha de São Paulo

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