Se a minoria consciente já o sabia, agora ha uma medição concreta. Viramos o espigão da subida dos salários e iniciamos a descida do morro, sempre por aquele tradicional método da inércia brasileira: o que os governos não fazem o mundo acaba fazendo por eles.
Pela primeira vez desde 2008 o peso dos salários em dólar caiu para a indústria brasileira entre janeiro e novembro de 2013. Nada que salve uma indústria que além da monumental carga de impostos e das condições dramáticas da qualidade da mão de obra (educação) e da infraestrutura, teve esse custo aumentado em 54% no acumulado entre 2009 e 2012.
A redução do ano passado, de 3,8% no custo do trabalho por unidade produzida, decorre dos primeiros sinais da disparada do dólar que vem vindo por aí e só vai assumir a velocidade real depois da eleição deste ano.
Nominalmente, em reais, os trouxas continuam tendo a impressão de que o salário segue subindo mais que a produtividade. Esse tem sido o truque mediante o qual o PT vem sustentando a sua popularidade a custa da implosão da economia nacional que, agora, vai chegando no osso com as contas “fechando” mediante as mágicas do dr. Mantega enquanto as chinas da vida vão nos comendo pelo pé.
O truque é duplamente venenoso e o que o PT comemora sempre, com o dedo na cara do mundo como ainda agora em Davos, é a tomada progressiva de toda a economia por esse veneno sistêmico.
Funciona assim: aumenta-se o salário acima da produtividade na indústria.
Esta, que é a base concreta de todo o sistema (produção), começa a minguar primeiro mas como ha uma inundação de dinheiro novo no sistema e o pessoal começa a gastar mais, o setor de serviços passa a vender muito mais, ou seja, incha e absorve o desemprego da indústria.
O setor de serviços tem, então, de contratar mais do que a indústria está demitindo porque ainda não inventaram um jeito de fazer manicures, hot-dogs, restaurantes e cabeleireiros lá da China competir com os brasileiros como os produtos da sua indústria competem e, assim, os salários sobem mais ainda para a indústria porque os dois setores disputam os mesmos empregados desqualificados.
É por isso que os empregos na indústria vêm caindo ha 30 meses seguidos, junto com a produção, e as importações disparando, assim como as compras diretas do exterior por brasileiros nestes tempos de internet e viagens facilitadas.
Resultado, o dólar começa a disparar pra restabelecer a verdade daquele jeito que quem é maior de 40 anos já viu 20 vezes.
Acaba tudo como a Argentina que ontem anunciou que as compras na internet por seus nacionais estão proibidas. Cada argentino só poderá comprar duas vezes por ano na internet, 25 dólares de cada vez, a partir de agora…
Ponha-se por cima disso o que vem sendo feito com outros setores essenciais pra comprar voto. O da gasolina, por exemplo. Não foi apenas a Petrobras que o PT quebrou com sua genial invenção de inundar o país de automóveis baratos e segurar na marra o preço da gasolina.
Quebrou também a indústria sucro-alcoleira, uma das maiores cadeias de produção do país.
Ontem foi anunciado que o Brasil está importando etanol dos Estados Unidos, acredite se quiser! O primeiro navio, com 100 milhões de litros, descarregou ontem no porto de Itaqui, no Maranhão.
Como o Nordeste ia ficar sem gasolina em ano de eleição porque quebrada a Petrobras não consegue nem processar o petróleo que importa, dona Dilma, depois de manter o álcool nacional abaixo do preço de custo (porque o dele é função do preço da gasolina), desonerou o etanol de milho importado dos EUA do PIS e do Cofins, o que é mais um ralo nas contas públicas.
Do jeito que vai, não vai sobrar nada.
A produção e as condições brasileiras de produzir álcool eram tão boas ha 10 anos que, em 2013, Brasil lançou os carros flex. Em cinco anos o consumo de álcool já tinha ultrapassado o de gasolina.
Na média, um hectare de cana produz 7200 litros de álcool enquanto um de milho americano produz 3100 litros. De troco, as emissões de CO2 de um litro de álcool somam 400 gramas enquanto o de gasolina gera 2200 gramas. Mas mesmo assim, hoje os carros flex enchem seus tanques com gasolina. É “mais barato” (até o fim da eleição).
Resultado: de 385 usinas de cana nacionais, 100 estão endividadas até o cabo, praticamente paralisadas ou fecharam as portas. E dezenas de outros projetos que estavam prontos para decolar nem saíram do papel.
Mas a popularidade de dona Dilma se salvou, que é o que interessa.
É possível que dona Dilma consiga marcar seu gol. Mas o abraço no povo, que em 2015 vai ser mesmo de tamanduá, vai ficar por conta do dólar e da inflação que vão nos contar do pior jeito de que tamanho é essa mentira chamada PT.
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