"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

A PERGUNTA NÃO É SE VAI HAVER PROTESTO NO ANO QUE VEM.

A pergunta não é se vai haver protesto no ano que vem. Já são favas contadas. O que aflige é o quanto e o como. Irão novamente às ruas os brasileiros aos milhões? Serão atos numerosos, democráticos e ordeiros ou o que irá se destacar serão o quebra-quebra e o clima de guerra civil?

Ano que vem tem Copa do Mundo no Brasil: estádios e hotéis lotados (os números oficiais prévios sustentam essa expectativa) e, certamente, também a rua, “a maior arquibancada do Brasil”.

As demandas por “padrões Fifa” nos serviços públicos voltarão às bocas e aos cartazes. Apenas três meses vão separar a Copa das eleições gerais. Os protestos poderão interferir no resultado do voto? Sim, mas terão fôlego e força suficientes para estender seus efeitos por três meses?

No começo de outubro último, as marchas dos milhões empreendidas em junho tinham virado passado. Apesar dos atos mais violentos disseminados nas principais cidades no 7 de Setembro e de um ou outro esporádico no Rio e em São Paulo, a passagem do tempo foi o bastante para descolar, na memória média, a época da Copa das Confederações das primeiras semanas de outubro.
Enfim, depende de sua amplitude a capacidade de a onda do povo na rua se propagar até a urna eletrônica.
Contudo, já não depende mais de nada o impacto que ela causou nos discursos e nas posturas dos políticos. As reivindicações entraram e não sairão tão cedo das plataformas eleitorais do ano que vem, mesmo que os protestos que vierem a ocorrer em 2014 não se confirmem tão numerosos.

ECO DAS RUAS

Dessa forma, em alguma medida, o pré-candidato A e o pré-candidato B já absorveram inteligentemente o eco das ruas em benefício próprio. O mesmo fizeram os Parlamentos, aprovando medidas moralizantes de alto apelo popular para, em outubro próximo, apresentar a fatura.</CW>

Em junho passado, o turbilhão crescente pegou de calça nas mãos todas as autoridades, do vereador à presidente da República. A surpresa não se repetirá para ninguém na Copa, do que se deduz que o impacto político da balbúrdia tenderá a ser menor: as respostas virão com mais agilidade e os colchões de absorção já foram afixados às grades de proteção.

O Palácio do Planalto, por exemplo, criou uma estrutura digital para se aproximar do eleitor, o que inclui tuitadas diárias do perfil @dilmabr, conta oficial do Facebook e um corpo de comunicação online para interceptar e poder lidar com as movimentações no campo de mobilização prioritário: a internet.

E se os black blocs dominarem a cena? Nesse caso, há dois resultados possíveis: o primeiro é o afastamento de quem está disposto a mostrar a cara e gritar na rua, mas não a jogar coquetel molotov em concessionária de automóveis.
O outro, em benefício de Dilma, é um discurso preparado.
Os black blocs existem para confrontar as forças policiais, todas elas estaduais. Se o caldo entornar, restará à presidente lamentar os excessos de ambos os lados e lavar as mãos.

(transcrito de O Tempo)

12 de novembro de 2013
João Gualberto Jr

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