Na impossibilidade de parecer inocente, Sérgio Cabral tenta fazer o magistrado parecer culpado
É de se imaginar o desespero que abate a alma culpada do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Recordista absoluto de processos na Lava Jato, Cabral pode ser condenado a mais de 300 anos de cadeia, número inferior somente às penas recebidas por figuras lendárias do submundo como João Acácio Pereira da Costa, o “Bandido da Luz Vermelha” (351 anos) e Fernandinho Beira-Mar (320). Coisa de gente grande.
A legislação brasileira admite o cumprimento máximo de 30 anos e, com os fatores atenuantes de praxe, a liberdade deverá vir muito antes disso. Mas os números de Cabral impressionam mesmo assim. E a vida atrás das grades é especialmente cruel para quem estava acostumado a promover orgias de gastança nos melhores salões parisienses e a adquirir joias para a mulher como quem comprava um cachorro-quente na esquina.
Na impossibilidade de parecer inocente, o Usain Bolt da Lava Jato tenta fazer o magistrado parecer culpado. Condenado a 14 anos de prisão por Sergio Moro, e réu em outros 14 processos na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, adota o velho discurso de desqualificar o juiz. A defesa de Cabral pede o afastamento por suspeição de Marcelo Bretas, titular da 7º Vara, em função de uma entrevista na qual ele teria feito pré-julgamento de seu tristemente célebre cliente. Tenham ou não razão neste caso, pela lógica dos membros da quadrilha que ocupava palácios os crimes que cometeram são sempre o que menos importa em um processo.
O advogado Rodrigo Rocca pede a absolvição de Cabral “pela ausência de provas nas condutas que lhe foram imputadas”, desconsiderando a montanha de provas das condutas imputadas ao cliente. Ao se referir à atuação do Ministério Público, Rocca abre mão do juridiquês castiço em benefício do palavreado incompreensível: “A genialidade bélica, a fanfarra, tudo apraz à assistência inebriada pelo discurso quase convincente”. Quanto mais confuso o raciocínio, melhor, porque o doutor não pode contar com a lógica para defender seu enroladíssimo cliente.
23 de agosto de 2017
Augusto Nunes, VEJA
Sérgio Cabral em depoimento para o juiz Sérgio Moro (//Reprodução) |
É de se imaginar o desespero que abate a alma culpada do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Recordista absoluto de processos na Lava Jato, Cabral pode ser condenado a mais de 300 anos de cadeia, número inferior somente às penas recebidas por figuras lendárias do submundo como João Acácio Pereira da Costa, o “Bandido da Luz Vermelha” (351 anos) e Fernandinho Beira-Mar (320). Coisa de gente grande.
A legislação brasileira admite o cumprimento máximo de 30 anos e, com os fatores atenuantes de praxe, a liberdade deverá vir muito antes disso. Mas os números de Cabral impressionam mesmo assim. E a vida atrás das grades é especialmente cruel para quem estava acostumado a promover orgias de gastança nos melhores salões parisienses e a adquirir joias para a mulher como quem comprava um cachorro-quente na esquina.
Na impossibilidade de parecer inocente, o Usain Bolt da Lava Jato tenta fazer o magistrado parecer culpado. Condenado a 14 anos de prisão por Sergio Moro, e réu em outros 14 processos na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, adota o velho discurso de desqualificar o juiz. A defesa de Cabral pede o afastamento por suspeição de Marcelo Bretas, titular da 7º Vara, em função de uma entrevista na qual ele teria feito pré-julgamento de seu tristemente célebre cliente. Tenham ou não razão neste caso, pela lógica dos membros da quadrilha que ocupava palácios os crimes que cometeram são sempre o que menos importa em um processo.
O advogado Rodrigo Rocca pede a absolvição de Cabral “pela ausência de provas nas condutas que lhe foram imputadas”, desconsiderando a montanha de provas das condutas imputadas ao cliente. Ao se referir à atuação do Ministério Público, Rocca abre mão do juridiquês castiço em benefício do palavreado incompreensível: “A genialidade bélica, a fanfarra, tudo apraz à assistência inebriada pelo discurso quase convincente”. Quanto mais confuso o raciocínio, melhor, porque o doutor não pode contar com a lógica para defender seu enroladíssimo cliente.
23 de agosto de 2017
Augusto Nunes, VEJA
Nenhum comentário:
Postar um comentário