Mesmo com o Congresso parado por 15 dias para o recesso, o governo não está disposto a dar trégua ao corpo a corpo que tem feito na base aliada para engavetar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. O esforço rendeu uma vitória significativa na semana passada, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, na primeira batalha para rejeitar a denúncia contra Temer por corrupção passiva. Um time será montado para monitorar os votos com que o presidente já conta para enterrar o caso no plenário e partir para cima dos indecisos. Nesse período, benefícios concedidos a “traidores” — os que receberam emendas ou outro afago e votaram contra o governo — serão revistos.
Pelo mapa do Palácio do Planalto, há 80 deputados da base que ainda não sabem se votarão contra ou a favor de autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar a acusação de que Temer cometeu o crime de corrupção passiva.
CARA A CARA – Esses deputados serão procurados pelo governo e deverão ser recebidos pessoalmente por Temer, que mostrará a disposição do governo em atender a seus pleitos. Essa foi a mesma estratégia usada para conquistar os votos necessários na CCJ: liberação de emendas e cargos. Antes de votação, Temer distribuiu R$ 15 bilhões em programas e emendas
“Às vezes nem é cargo que o deputado quer, às vezes falta só um carinho. É uma ligação não atendida por Michel, uma coisa simples de resolver” — simplifica o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo.
Para apetites maiores, o governo tem no cardápio pelo menos duas pastas a serem negociadas: o Ministério da Cultura, abandonado por Roberto Freire (PPS) quando estourou o escândalo da JBS, e o Ministério da Transparência, que era comandado por Torquato Jardim, realocado no Ministério da Justiça para reforçar a defesa do governo.
PTB ESTÁ DE OLHO – O PTB, que votou em peso contra a denúncia na CCJ, já teria manifestado interesse em uma dessas pastas. O nome da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) estaria circulando para assumir a Cultura.
O chamado centrão, que reúne partidos médios, ainda pressiona para desalojar o PSDB dos quatro ministérios que ocupa, já que, pelas contas da bancada tucana, cerca de dois terços dos deputados do partido votarão pela aceitação da denúncia. Das 13 trocas de titulares feitas na CCJ, a pedido do Palácio do Planalto, a maioria aconteceu nos partidos do centrão — PR, PP, PRB e PTB.
Embora setores do governo digam que a votação da denúncia pode se arrastar por meses, devido à falta de quórum, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirma que, no dia 2 de agosto, quando está marcada a votação, o plenário estará cheio. Ele diz que o governo não tem interesse de deixar o assunto suspenso. E a oposição, que poderia obstruir, também não vai querer ficar com a pecha de que está enrolando, segundo Maia.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diz Silvio Santos, é tudo por dinheiro. Os políticos perderam inteiramente o pudor. Estamos chegando a um ponto em que ser político significa ser pilantra (com as sempre honrosas exceções, é claro).(C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diz Silvio Santos, é tudo por dinheiro. Os políticos perderam inteiramente o pudor. Estamos chegando a um ponto em que ser político significa ser pilantra (com as sempre honrosas exceções, é claro).(C.N.)
17 de julho de 2017
Catarina Alencastro
O Globo
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