Nosso leitor Samuel Lemos reflete sobre profissão, funcionalismo público, vocação, carreira e empreendedorismo:
Dizem que os judeus nunca pronunciam o verbo “Ser” referindo-se a si mesmos. A razão seria que tal verbo é reservado unicamente ao EU SOU, Adonai. Somente Deus é, ponto. Assim, quando querem definir sua ocupação profissional, por exemplo, os judeus recorrem ao verbo “Estar”. “Eu Estou médico”, “Eu Estou professor”.
Confesso gostar dessa dinâmica verbal, talvez pelo fato de ser (ops!) eu mesmo um descendente de judeus marranos, imigrantes ibéricos para a Terra Brasilis em um passado não muito distante, porém infelizmente perdido em relatos pouco precisos e desconexos na história da família.
Gosto, particularmente, devido à minha atual condição profissional. Sim, no momento em que escrevo estas linhas, ESTOU funcionário público do Governo Federal. Conforta-me profundamente pensar que apenas estou, pois isto me remete automaticamente à ideia de que, um dia (muito em breve, se tudo der certo) não mais o serei; explico.
Num país como o nosso, onde o sonho dourado de 10 entre 10 egressos dos Ensinos Médio e Superior é estar onde estou atualmente – no cortejado Serviço Público Federal –, meu sonho é exatamente o oposto: migrar para a iniciativa privada. Tornar-me um Empreendedor, um gerador de empregos, um pagador líquido de impostos. Parece loucura, não? E é mesmo.
Num país como o nosso, onde é preciso pagar não apenas dois, mas três funcionários para contratar apenas um, é preciso ser muito macho para assinar uma carteira de trabalho. Sem falar na multa e no risco de ser processado caso o funcionário contratado não preencha as expectativas e você resolva dispensá-lo: a Justiça do Trabalho brasileira é exemplo clássico de “cauda abanando o cachorro”.
Num país como o nosso, em que desde pequenos somos ensinados que o lucro é condenável, não algo a ser desejado, mas sim detestado, algo com que apenas os homens mais asquerosos e repugnantes de nossa sociedade procuram, é preciso coragem, estômago e certa dose de paciência para dar a cara a tapa e assumir, com todas as letras, que você quer lucrar, sim, e muito, de preferência. Faltou-nos a dose de calvinismo que tomaram nossos irmãos americanos, quando da fundação de seu país.
Mas, para minha própria sorte, não posso fugir nem negar meus próprios instintos. Meu personagem favorito na infância? Tio Patinhas. O Brinquedo preferido? A Caixa Registradora da Estrela (ou Mattel, não me lembro…).
Desde criança sonho em ser empresário. Ter um grande prédio com meu nome na frente (olá, tio Trump!), entrar num supermercado ou loja de shopping e ver na prateleira produtos que sei que foram produzidos por gente que trabalha para mim. Não se trata de vaidade, embora possa soar como tal. É apenas um desejo, sincero e honesto, de ganhar dinheiro, lucrar bastante e, com isso, ascender socialmente da forma mais honesta que existe.
Capital nada mais é do que trabalho acumulado. Portanto, para quem não herdou fortunas construídas por gerações anteriores da família (caso deste que vos escreve), a melhor maneira de gerar capital é acumulando não apenas o seu próprio trabalho, mas também o trabalho de outros. Como? Gerando empregos, ora bolas! (Se você pensou em escravidão, talvez devesse estar lendo o Socialista Morena ou outro blog de esquerda qualquer…)
Se você também tem o desejo de, como eu, se tornar um empreendedor, parabéns: são pessoas como nós que tornam possível irmos ao supermercado e voltar com papel higiênico, arroz, açúcar, carne, pão e café para levarmos para casa em troca de nossos salários. Se você, por outro lado, sonha com o dia de sua aprovação num concurso público, eu não o julgo. Mas, falando como alguém que já se encontra do outro lado da moeda, eu digo: “estabilidade” é algo tão real quanto um truque de mágica. Num momento você vê, no outro você não vê. Que o digam os colegas dos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Samuel Lemos Moura Bonifácio
Dizem que os judeus nunca pronunciam o verbo “Ser” referindo-se a si mesmos. A razão seria que tal verbo é reservado unicamente ao EU SOU, Adonai. Somente Deus é, ponto. Assim, quando querem definir sua ocupação profissional, por exemplo, os judeus recorrem ao verbo “Estar”. “Eu Estou médico”, “Eu Estou professor”.
Confesso gostar dessa dinâmica verbal, talvez pelo fato de ser (ops!) eu mesmo um descendente de judeus marranos, imigrantes ibéricos para a Terra Brasilis em um passado não muito distante, porém infelizmente perdido em relatos pouco precisos e desconexos na história da família.
Gosto, particularmente, devido à minha atual condição profissional. Sim, no momento em que escrevo estas linhas, ESTOU funcionário público do Governo Federal. Conforta-me profundamente pensar que apenas estou, pois isto me remete automaticamente à ideia de que, um dia (muito em breve, se tudo der certo) não mais o serei; explico.
Num país como o nosso, onde o sonho dourado de 10 entre 10 egressos dos Ensinos Médio e Superior é estar onde estou atualmente – no cortejado Serviço Público Federal –, meu sonho é exatamente o oposto: migrar para a iniciativa privada. Tornar-me um Empreendedor, um gerador de empregos, um pagador líquido de impostos. Parece loucura, não? E é mesmo.
Num país como o nosso, onde é preciso pagar não apenas dois, mas três funcionários para contratar apenas um, é preciso ser muito macho para assinar uma carteira de trabalho. Sem falar na multa e no risco de ser processado caso o funcionário contratado não preencha as expectativas e você resolva dispensá-lo: a Justiça do Trabalho brasileira é exemplo clássico de “cauda abanando o cachorro”.
Num país como o nosso, em que desde pequenos somos ensinados que o lucro é condenável, não algo a ser desejado, mas sim detestado, algo com que apenas os homens mais asquerosos e repugnantes de nossa sociedade procuram, é preciso coragem, estômago e certa dose de paciência para dar a cara a tapa e assumir, com todas as letras, que você quer lucrar, sim, e muito, de preferência. Faltou-nos a dose de calvinismo que tomaram nossos irmãos americanos, quando da fundação de seu país.
Mas, para minha própria sorte, não posso fugir nem negar meus próprios instintos. Meu personagem favorito na infância? Tio Patinhas. O Brinquedo preferido? A Caixa Registradora da Estrela (ou Mattel, não me lembro…).
Desde criança sonho em ser empresário. Ter um grande prédio com meu nome na frente (olá, tio Trump!), entrar num supermercado ou loja de shopping e ver na prateleira produtos que sei que foram produzidos por gente que trabalha para mim. Não se trata de vaidade, embora possa soar como tal. É apenas um desejo, sincero e honesto, de ganhar dinheiro, lucrar bastante e, com isso, ascender socialmente da forma mais honesta que existe.
Capital nada mais é do que trabalho acumulado. Portanto, para quem não herdou fortunas construídas por gerações anteriores da família (caso deste que vos escreve), a melhor maneira de gerar capital é acumulando não apenas o seu próprio trabalho, mas também o trabalho de outros. Como? Gerando empregos, ora bolas! (Se você pensou em escravidão, talvez devesse estar lendo o Socialista Morena ou outro blog de esquerda qualquer…)
Se você também tem o desejo de, como eu, se tornar um empreendedor, parabéns: são pessoas como nós que tornam possível irmos ao supermercado e voltar com papel higiênico, arroz, açúcar, carne, pão e café para levarmos para casa em troca de nossos salários. Se você, por outro lado, sonha com o dia de sua aprovação num concurso público, eu não o julgo. Mas, falando como alguém que já se encontra do outro lado da moeda, eu digo: “estabilidade” é algo tão real quanto um truque de mágica. Num momento você vê, no outro você não vê. Que o digam os colegas dos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Samuel Lemos Moura Bonifácio
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