Em relação à classe política, até agora as delações premiadas com maiores estragos foram feitas pelo então senador Delcídio Amaral (PT-MS) e pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que entregaram ao Supremo Tribunal Federal dezenas de políticos envolvidos com a corrupção.
Mas há grandes diferenças entre os dois. No caso de Delcídio Amaral, ainda não há fortes indícios de enriquecimento ilícito, a acusação mais forte contra ele é de obstrução da justiça, que lhe causou imediata perda do mandato.
“NERD POLÍTICO” – O caso de Sérgio Machado é muito interessante. Quem o conhece sabe que ele é meio bronco, uma espécie de “nerd” político, a capacidade intelectual é muito limitada.
Seu pai, ex-deputado e ex-ministro Expedito Machado, era riquíssimo, o maior “coronel” de Crateús, e dominava a política em diversos municípios do Ceará.
Mas o filho foi uma nulidade. Não deu certo como empresário (faliu a famosa fábrica de jeans Vilejack) nem como político.
Seu pai, ex-deputado e ex-ministro Expedito Machado, era riquíssimo, o maior “coronel” de Crateús, e dominava a política em diversos municípios do Ceará.
Mas o filho foi uma nulidade. Não deu certo como empresário (faliu a famosa fábrica de jeans Vilejack) nem como político.
Sob as asas do pai, se elegera deputado federal e senador. Depois, mais nada. Tornou-se um político fracassado e sem mandato.
No entanto, tinha feito muitos amigos nos 12 anos que ficou no Congresso e eles então o indicaram para presidir a Transpetro no primeiro governo Lula, garantindo-lhe por quase 13 anos um emprego com salário superior a R$ 100 mil mensais. No entanto, isso não bastava e a ganância falou mais forte.
No entanto, tinha feito muitos amigos nos 12 anos que ficou no Congresso e eles então o indicaram para presidir a Transpetro no primeiro governo Lula, garantindo-lhe por quase 13 anos um emprego com salário superior a R$ 100 mil mensais. No entanto, isso não bastava e a ganância falou mais forte.
UM CORRUPTO FAMOSO – A rapinagem que Machado instaurou na estatal foi de tal ordem que logo se tornou pública e notória. Como dizia Ibrahim Sued, “em sociedade tudo se sabe”, o que é uma grande verdade.
Antes mesmo da Lava Jato, já se tinha conhecimento da corrupção institucionalizada na Transpetro. Portanto, a investigação chegar a Machado era apenas questão de tempo.
Antes mesmo da Lava Jato, já se tinha conhecimento da corrupção institucionalizada na Transpetro. Portanto, a investigação chegar a Machado era apenas questão de tempo.
Quando enfim ele caiu na malha da força-tarefa, não tinha mandato e ia ficar nas mãos do juiz Sergio Moro. Ou seja, o ex-presidente da Transpetro estava destinado a pegar uma das penas mais severas da Lava Jato.
Mas a linha de defesa adotada por seu advogado foi sensacional e inovadora.
Mas a linha de defesa adotada por seu advogado foi sensacional e inovadora.
Machado precisava ganhar o foro privilegiado no Supremo e somente existia uma saída. Teria de delatar seus melhores amigos, aqueles caciques do PMDB que o ampararam como político fracassado e o colocaram na presidência da poderosa estatal. Foi essa estratégia de defesa que funcionou e salvou Machado, e ele não ficou um só dia na prisão.
UM ADVOGADO BRILHANTE – Na internet, não adiante pesquisar nos sites de busca. Não aparece o nome do advogado que mostrou o caminho das pedras ao ex-presidente da Transpetro.
O fato é que a linha de defesa foi brilhante, ao usar as gravações de conversas de Machado com os velhos amigos Renan Calheiros, José Sarney e Romero Jucá.
Somente Jader Barbalho escapou, porque estava fazendo quimioterapia e o médico proibiu que recebesse visitas.
Mas Sarney não deu essa sorte e a gravação foi feita quando ele estava hospitalizado, vejam que Machado é como o Palhares, personagem de Nelson Rodrigues que não tinha o menor caráter.
O fato é que a linha de defesa foi brilhante, ao usar as gravações de conversas de Machado com os velhos amigos Renan Calheiros, José Sarney e Romero Jucá.
Somente Jader Barbalho escapou, porque estava fazendo quimioterapia e o médico proibiu que recebesse visitas.
Mas Sarney não deu essa sorte e a gravação foi feita quando ele estava hospitalizado, vejam que Machado é como o Palhares, personagem de Nelson Rodrigues que não tinha o menor caráter.
Machado levou as gravações ao procurador-geral Rodrigo Janot e ao ministro-relator Teori Zavascki, prometendo que iria denunciar 24 políticos de grande destaque.
Eles se encantaram e logo fecharam o generoso acordo de delação, dando impunidade total aos dois filhos/cúmplices de Machado.
Para o ex-presidente da Transpetro, apenas prisão domiciliar pelo prazo de dois anos e três meses, em pena a ser cumprida na suntuosa mansão recentemente construída por ele no mais sofisticado condomínio de Fortaleza, e devolução de R$ 75 milhões, em prestações mensais, embora tenha desviado algo em torno de R$ 1 bilhão.
MUITAS REGALIAS – Além de liberar os filhos e continuar usufruir dos recursos ilícitos que acumulou na atividade criminosa, Machado conquistou muitas regalias. Pode sair de casa em datas comemorativas e receber visitas de 27 amigos. Isso é que é um acordo, porque pai e filhos continuam riquíssimos.
Machado fez a denúncia, assinou o acordo, livrou os filhos, mas até agora não apresentou provas.
Na delação, acusou 24 políticos, mas teria dado propinas diretas a apenas cinco deles – Renan Calheiros, José Sarney, Romero Jucá, Edison Lobão e Jader Barbalho.
Na delação, acusou 24 políticos, mas teria dado propinas diretas a apenas cinco deles – Renan Calheiros, José Sarney, Romero Jucá, Edison Lobão e Jader Barbalho.
Os outros 19 receberam “doações oficiais” das empresas em campanhas eleitorais.
É aí que a coisa começa a pegar. Doações oficiais eram permitidas em lei, declaradas à Justiça Eleitoral, não constituem crime em nenhum tribunal de país civilizado.
Não adianta dizer que essas doações eram propinas, pois as empresas citadas estão desmentindo e confirmando que houve patrocínio oficial de campanha.
Não adianta dizer que essas doações eram propinas, pois as empresas citadas estão desmentindo e confirmando que houve patrocínio oficial de campanha.
MAIS VINTE DIAS – No último dia 2, o ex-presidente da Transpetro pediu prazo de 20 dias para ele recolher informações e fazer novas denúncias.
Caramba! Quer dizer que até agora Machado não apresentou as provas? Que delação é essa?
Caramba! Quer dizer que até agora Machado não apresentou as provas? Que delação é essa?
O fato concreto é que, juridicamente, as gravações nada revelam de factual. Apenas mostram três políticos (Renan, Sarney e Jucá) tentando consolar um amigo (Machado) que logo seria preso, todos estavam convictos disso.
E agora Machado tem apenas uma semana para exibir as provas. Pode ser que ele consiga entregar os cinco que recebiam propinas, mas não tem a menor prova contra os 19 que pediram doações oficiais, entre eles o presidente Michel Temer.
Se não conseguir comprovar, deixando claro que apresentou acusações apenas verbais, a delação pode ser cancelada e os autos encaminhados a um juiz que se chama Sérgio Fernando Moro.
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PS – Já anunciamos aqui na Tribuna da Internet, com absoluta exclusividade, que o advogado de Machado fez “contas de chegar”.
Ou seja, conferiu na internet os candidatos que receberam doações oficiais de empresas ligadas à Transpetro e Machado denunciou como se fossem propinas. Nesse rolo, acabaram entrando Jorge Bittar (PT) e Jandira Feghali (PCdoB).
A armação chega a ser engraçada, mas não há dúvida de que o advogado de Machado é um gênio. (C.N.)
11 de julho de 2016
Carlos Newton
Até agora, vi muitas coisas boas na delação dele, que de tempo pra ver se ele prova oque tem que provar.
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