O Estado Islâmico surgiu depois da invasão dos Estados Unidos e seus aliados ao Iraque, criado pelos sobreviventes da Al Qaeda no país, então liderada por Abu Musab al Zarqawi. Depois da morte de Al Zarqawi, em um ataque dos Estados Unidos em 2006, membros da Al Qaeda fundaram o Estado Islâmico do Iraque (ISI).
A Al Qaeda era aliada americana durante a invasão russa do Afeganistão. No começo, o grupo era frágil. Mas entre 2011 e 2013, quando começou a rebelião na Síria para derrubar o presidente Bassar al-Assad, o ISI – então dirigido por Abu Bakr al Baghdadi – começou a ganhar força – e armas – e tomou várias cidades no norte do Iraque. Acredita-se que quando a cidade de Mosul foi tomada, o grupo possuía apenas 800 combatentes.
O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano. Com táticas brutais, o grupo cresceu e passou a se chamar ISIS (Estado Islâmico do Iraque e Levante) e depois simplesmente Estado Islâmico. O seu crescimento surpreendeu muitos no Ocidente.
Agora, armado com arsenal americano, obtido após vitórias sobre o exército iraquiano, o Estado Islâmico estaria com mais de 30 mil combatentes e acesso a recursos de US$ 2 bilhões – oriundos de fontes diversas, entre as quais doações privadas, sequestros e roubos.
BRAÇO DA AL QAEDA – No início, a insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como “Despertar Sunita”.
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
VOLTA DOS JIHADISTAS – Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad com ajuda acidental. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
ASCENSÃO DO “ESTADO ISLÂMICO” – Apesar do racha com a Al Qaeda, o EI fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad, quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Naquele momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como “Estado Islâmico”.
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico, porque é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade foi vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretendiam avançar a partir dela.
ATUAL ABRANGÊNCIA DO EI – Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho de 12014, a organização declarou um “Estado Islâmico” que atravessava a fronteira sírio-iraquiana e tinha Abu Bakr al-Bagdadi como “califa”.
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da sharia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do “califado” após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também têm sido alvo de perseguição.
AMEAÇA TERRORISTA – O Estado Islâmico perdeu 12% de seu território na Síria e no Iraque em 2016. Em 2015, o califado do EI já havia perdido 14% em controle da área antes ocupada. Na Síria, onde o EI enfrenta ao mesmo tempo o exército do regime, apoiado pela Rússia, a aliança árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos e os rebeldes, os extremistas perderam a cidade de Palmira em 27 de março.
Os analistas advertem que, à medida que o califado do EI se reduz, aumenta a ameaça de terrorismo. Espera-se um aumento do número de ataques no Iraque, Síria e também na Europa, como já está até acontecendo.
11 de julho de 2016
Tribuna Imprensa
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