O deputado Eduardo Cunha confirmou o encontro, domingo, com o presidente Michel Temer, cuja assessoria de imprensa negou. Pelo jeito, conversaram no palácio do Jaburu. Terá sido um acerto de contas entre os dois. Porque Temer não chegaria à presidência da República, mesmo interina, sem a colaboração de Cunha. A ele coube aceitar e dar andamento ao pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, bem como colaborar para a maciça votação dos deputados em favor do afastamento da presidenta.
O problema é que Madame deu o troco. Desencavou dos meandros da espionagem oficial informações variadas a respeito do comportamento do deputado no capítulo do aproveitamento de dinheiros públicos.
O resultado foi Dilma afastada do palácio do Planalto, por 180 dias, e Cunha impedido de exercer a presidência da Câmarae o mandato.
Como Temer só chegou à presidência da República, mesmo como interino, graças às manobras de Cunha, a conta ficou em aberto, diante da possibilidade de sua cassação, para acontecer a curto prazo, conforme as previsões. Resultado: o deputado entregou a fatura. Ou conta com o apoio do presidente para mobilizar as bancadas governistas e evitar sua degola, ou pode revelar episódios ainda desconhecidos envolvendo Michel, hipótese capaz de devolver o poder a Dilma, ainda dentro do prazo de 180 dias.
Nessa intrincada equação, ainda inconclusa, papel fundamental cabe ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Depende dele acionar a lâmina da guilhotina capaz de fulminar Eduardo Cunha, ainda esta semana, ou aguardar o tempo necessário para que se faça sentir a influência de Michel Temer, se ele aceitar pagar o que deve.
30 de junho de 2016
Carlos Chagas
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