A Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por crime de obstrução à Justiça, no âmbito da Lava Jato, ao participar da trama para silenciar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
A PGR concluiu que Lula “impediu e/ou embaraçou investigação criminal que envolve organização criminosa, ocupando papel central, determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Santos Esteves, Edson de Siqueira Ribeiro, Diogo Ferreira Rodrigues, José Carlos Bumlai”, e pede a condenação dos denunciados por obstrução da Justiça. A pena é de até 3 anos de reclusão só para esse crime
O envolvimento de Lula na trama criminosa foi confessada nas delações premiadas do ex-senador Delcídio do Amaral e do seu ex-chefe de gabinete, Diogo Ferreira. Com base nesses depoimentos, a PGR obteve provas materiais como extratos bancários, telefônicos, passagens aéreas e diárias de hotéis.
Pagamento de suborno
Delcídio e Diogo, segundo os procuradores, uniram-se ao ex-presidente Lula e ao seu amigo fazendeiro José Carlos Bumlai e ao filho dele, Mauricio Bumlai, para comprar por R$ 250 mil o silêncio de Cerveró. A denúncia da PGR detalha a participação de Lula no planejamento dos pagamentos feito por Mauricio Bumlai ao ex-senador.
O primeiro pagamento, de R$ 50 mil, foi feito por Delcidio há um ano, em maio de 2015. Delcídio recebeu o dinheiro das mãos de Mauricio num almoço. Dias antes, Maurício fez dois saques de R$25 mil cada em uma agencia bancária localizada na rua Tutóia, em São Paulo.
Reuniões frequentes
A denúncia diz que Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete de Delcidio, fez os pagamentos que restavam em outras quatro datas entre junho e setembro do ano passado, sempre recebendo o dinheiro sacado por Bumlai na agência da Rua Tutóia, conforme os extratos bancários.
A quebra de sigilo dos emails do Instituto Lula mostra que o ex-presidente Lula se reuniu com Delcídio cinco vezes entre abril e agosto do ano passado, antes e durante as tratativas e os pagamentos pelo silêncio de Nestor Cerveró.
Uma das reuniões foi no Instituto Lula, em 8 de maio, dias antes de Delcidio fazer o primeiro pagamento, segundo a denúncia.
Preocupação com Bumlai
Delcidio afirmou em delação premiada que, no encontro, o ex-presidente expressou grande preocupação de que José Carlos Bumlai pudesse ser preso por causa de delações na Lava Jato e que Bumlai precisava ser ajudado.
Pelos relatos, Lula jamais se sentiu ameaçado de prisão e permaneceria assim até que o juiz Sérgio Moro determinasse à Policia Federal que o conduzisse sob vara para depor.
Em nota, o Instituto Lula informou que o ex-presidente "jamais" tentou interferir na conduta de Cerveró ou em qualquer outro assunto relacionado à Lava Jato.
Silenciar para blindar Lula
Delcídio afirmou às autoridades que a trama ºpara silencinar Cerveró era o temor de que ele, que negociava acordo de delação, revelasse fatos ilícitos envolvendo Lula, ele mesmo e José Carlos Bumlai.
A PGR também aponta como provas telefonemas entre Lula e José Carlos Bumlai, como em 7 de abril, um mês antes dos pagamentos, quando Lula e Bumlai se falaram quatro vezes. Em 23 de maio – um dia depois do primeiro pagamento – Lula ligou para José Carlos Bumlai. Conversaram duas vezes nesse dia.
19 de maio de 2016
in aluizio amorim
diário do poder
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