"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

EASY RIDER...


PT NADA MAIS TEM A VER COM DILMA E QUER SEGUIR EM FRENTE, SEM DESTINO



Charge do Angeli, reprodução da Folha





















Em reunião realizada em São Paulo – reportagem de Vera Rosa e Luciana Nunes Leal, o Estado de São Paulo, e de Evandro Éboli e Letícia Fernandes, O Globo – o Diretório Nacional do PT concluiu por uma autocrítica, responsabilizando a si próprio e à presidente Dilma Rousseff, por terem aceitado alianças pragmáticas que, no fundo, descaracterizaram a essência ideológica da legenda. O ex-presidente Lula alegou cansaço e não compareceu.
O documento divulgado pelos dois jornais sustenta que o partido transformou-se em refém de acordos tácitos, sendo contaminado pelo financiamento empresarial, fonte de grande parte dos problemas enfrentados por Dilma. Um novo encontro foi marcado para novembro, depois, portanto, das eleições municipais de outubro. O deputado Rui Falcão, presidente do PT, contudo, anunciou veto a alianças eleitorais com as siglas que votaram pelo afastamento da presidente Dilma do poder. Restringiu as coligações ao PDT e ao PCdoB. Admitiu, no entanto, aliança com políticos do PMDB que, isoladamente, votaram contra o julgamento do impeachment pelo Senado.
BALANÇO DE ERROS        
Ficou para novembro a continuação do balanço de erros (e acertos?) que marcaram a atuação da sigla. Novembro? Claro, balanço de contas só depois das urnas e, não apenas isso, depois que for definitivamente traçado o destino de Dilma Rousseff, se absolvida ou condenada. Mas os integrantes do PT, embora fatalmente contrários à administração Michel Temer, são céticos quanto à hipótese de um retorno ao Planalto.
Os petistas condenam também a aliança com o PMDB e terem confiado na tese da governabilidade a partir de acordos com legendas representativas do centro. E disseram que Dilma Rousseff ignorou pedidos para mudar a política econômica.
MUITAS INCOERÊNCIAS
As contradições que se encontram no texto são evidentes. Em primeiro lugar, o diretório Nacional do PT fala em contaminação através do financiamento empresarial. Ora, aceitar financiamento empresarial, colocou-se como uma opção não uma obrigação. São atitudes muito diversas.
Quem aceita financiamento de empresas sabe muito bem a reciprocidade a que estará exposto. É apenas uma questão de tempo, aliás, pouco tempo. A oferta virá em forma de cobrança. E como atender à cobrança sem a caneta do governo e de administradores públicos, como foi o caso dos ex-diretores da Petrobrás.
Assim, falar em dinheiro de fontes capitalistas é aderir às regras de um jogo condenável por natureza e finalmente proibido por lei eleitoral e também por vedação imposta pelo Supremo.
ESQUEMA DE CORRUPÇÃO
Os integrantes do PT conheciam o sistema político de compra e venda. E não apenas isso. Conduziram o esquema de corrupção a superfaturamentos fantásticos. Pedro Barusco, um simples gerente da Petrobrás, devolveu 97 milhões de dólares provenientes de processos seguidos de corrupção. Ele é apenas um dos figurantes de um vasto elenco de grandes atores. Há muitos outros.
Empresas como Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e UTC, transformaram-se em superpartidos político-administrativos. Ampararam o assalto à população.
Isso de um lado. De outro, ao condenar alianças políticas, significa o PT estar se autocondenando e também a quase ex-presidente Dilma Rousseff. Quem firmou tais alianças? A própria Dilma, em 2010, reeleita em 2014, com o mesmo Michel Temer como companheiro de chapa. As diferenças não foram anotadas. Só surgiram depois da queda? Agora é tarde.
Mas o documento do PT deixa nítido que, para a legenda, Dilma é uma figura do passado recente. Nada mais tem a ver com ela. O partido segue sozinho na estrada. Sem destino, como o título de filme famoso.

19 de maio de 2016
Pedro do Coutto

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