O vice-presidente da República, Michel Temer, disse à emissora de TV americana CNN que não é golpe o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A entrevista foi concedida após a visita de Dilma à ONU, onde alertou para o risco de retrocesso no país. Em entrevista coletiva, já fora da ONU, a presidente disse à imprensa internacional que havia um golpe de estado em curso no Brasil.
— Respeito muito as opiniões da senhora presidente, mas acredito que o ponto de vista dela está equivocado. Primeiro, porque o rito do impeachment está previsto na Constituição. No exterior, causa a impressão de que o Brasil é uma “republiqueta”, que é capaz de um golpe. Não há um golpe nesse país, não há nenhuma tentativa de violação do texto constitucional — declarou Temer.
O vice-presidente afirmou que 62% da população brasileira aprovam o impeachment em curso e que a maioria dos deputados votaram a favor do recebimento das denúncias contra Dilma. Portanto, ele não poderia ser acusado de conspirador.
CONSPIRAÇÃO?
— Qual conspiração eu estou conduzindo? Teria eu poder suficiente para sensibilizar 367 deputados? Mais da metade da população brasileira? Acho que a presidente também está errada neste ponto — argumentou.
A repórter da CNN questionou como Temer governaria, já que a maioria da população também apoiaria seu afastamento do cargo. O vice-presidente declarou que tem como meta “ganhar a confiança do povo brasileiro e dos setores da sociedade” se Dilma sofrer impeachment.
Temer disse que há no momento uma campanha para “desqualificar o vice-presidente”, mas ponderou que a Constituição Federal não prevê o impeachment para ocupantes do cargo. Ele pregou um governo de unificação de partidos como forma de enfrentar a crise política e econômica do país.
PACIFICAÇÃO NACIONAL
— A minha tese é da pacificação nacional. Tanto que, em várias oportunidades, cheguei a propor uma espécie de governo de salvação nacional, que seria exatamente a união de todos os partidos, inclusive os de oposição. Acredito que essa seja a única maneira de tirar o país da crise. O meu objetivo será, com o apoio das forças nacionais, de um bom ministério que me assessore e me garanta governabilidade, conduzir um governo que conseguiu recuperar a economia do país, colocar o país nos trilhos para uma tranquila eleição em 2018 — afirmou.
Por fim, Temer disse que, mesmo com crise política, recessão e vírus zika, as Olimpíadas ocorrerão em clima de normalidade.
— As Olimpíadas estão sendo muito bem organizada em uma conjugação entre os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro, com a participação do governo federal. Tenho absoluta convicção de que a Olimpíada será um sucesso como foi em outras partes do mundo. O problema da zika preocupa, mas está começando a ser superado. Não acredito que isso vá influenciar aqueles que venham, sejam atletas ou turistas — disse, otimista.
26 de abril de 2016
Carolina Brígido
O Globo
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