Foi a pouco menos de 24 horas do depoimento do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o “Fernando Baiano”, que a Câmara autorizou o pagamento da passagem aérea para que ele fale ao Conselho de Ética da Casa. O colegiado apura se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quebrou o decoro parlamentar ao afirmar não ter contas no exterior, embora elas tenham sido localizadas pelo Ministério Público da Suíça. O processo pode levar à cassação do peemedebista e torná-lo inelegível por oito anos.
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Cunha é alvo de oito procedimentos criminais, sendo dois com denúncia apresentada, no Ministério Público e no Supremo Tribunal Federal (STF).
O depoimento de Baiano está previsto para as 14h desta terça-feira em Brasília. Ele virá do Rio de Janeiro, onde cumpre prisão domiciliar.
CUNHA BOICOTA
O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), reclamou da demora em autorizar o pagamento da passagem aérea de Baiano. De acordo com ele, Cunha “não quer que o Baiano vá lá” prestar o depoimento.
Em sua colaboração premiada, o lobista confirmou as informações iniciais prestadas por outros delatores, o doleiro Alberto Youssef e o operador de propinas Júlio Camargo.
De acordo com Camargo, Cunha cobrou-o a pagar pendências de subornos atrasados de US$ 15 milhões devidos a Baiano porque ele e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, viabilizaram a contratação de dois navios-sondas do estaleiro Samsung.
O estaleiro era representado por Camargo, que disse que o deputado o pressionou a pagar a dívida e ainda dar uma “comissão” ao presidente da Câmara de US$ 5 milhões. Os valores foram pagos por meio de repasses a contas de Baiano no exterior e até depósitos. Baiano confirmou a informação.
26 de abril de 2016
Eduardo Militão
Correio Braziliense
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