"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 12 de abril de 2016

SE A CÂMARA APROVAR O IMPEACHMENT, SENADO NÃO TERÁ COMO NEGAR



Renan já começou a dizer que não é governo nem oposição…


















Se a Câmara aprovar o impeachment, o Senado não terá condições políticas de negar a continuidade do processo contra a presidente da República, por crime de responsabilidade. A chamada Câmara Alta anda muito em baixa, já que nela habitam importantes atores da Lava-Jato, a começar pelo seu presidente. Logo, falta-lhe lastro de credibilidade e, principalmente, coragem cívica para o confronto com a outra Casa e com a parcela da sociedade favorável ao impedimento de Dilma Rousseff.
Mesmo considerada pelo próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha, outro personagem de Curitiba, como “apenas um rito de passagem, pois o que importa é a votação do plenário”, a decisão da Comissão do Impeachment terá um peso muito maior do que se pensa na votação de domingo, até porque ela impede moralmente qualquer fechamento de questão contra a matéria, salvo no caso do PT e do seu indefectível coadjuvante PCdoB, mas que dispensam a utilização desse instrumento de disciplina partidária.
SEM APOIO
O clima exacerbado da comissão na segunda-feira, principalmente a subida de tom do ministro José Eduardo Cardozo e o exasperado discurso do líder do PT, Afonso Florence, revelaram que o governo não dispõe do decantado apoio para barrar o impeachment.
Da mesma forma, a oposição não conseguiu fechar a segunda-feira com os 342 votos que precisa para desalojar a presidente. Espera tê-los ao longo da semana e prevê que eles cheguem a 380.
É preciso que surja até lá um fato novo, capaz de mudar radicalmente os resultados. Dizia-se que, se surgir, esse fato só prejudicaria o governo. Mas, na segunda-feira, o vazamento do áudio do vice Michel Temer fez tremer a base oposicionista.
EXEMPLO DE COLLOR
Logo, chegou-se à conclusão de que Temer estava docemente constrangido com o acidente. Entre tantas conveniências do vazamento estava o compromisso do vice, já reafirmado em entrevista ao Globo por Moreira Franco, de que, assumindo, não vai acabar com os programas sociais do governo.
É preciso não se esquecer das surpresas das grandes votações, inclusive no impeachment de Collor, como o caso do então deputado Onaireves Moura, que ofereceu um jantar para o presidente às vésperas da votação, e depois dessa última ceia, disse não à permanência do seu comensal.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Onaireves é Severiano ao contrário. Foi um dos muitos parlamentares que traíram Collor em 1992. Sete anos antes, em 1985, na eleição indireta para a Presidência, Paulo Maluf “negociou” votos com grande número de parlamentares e levou uma lavagem de Tancredo Neves. Como se sabe, Collor e Maluf jamais cobraram essas contas, digamos assim. Dilma é a próxima vítima e também será traída. Esses acontecimentos políticos fazem lembrar uma criação histórica de Nelson Rodrigues, meu companheiro de redação em O Globo e muito amigo de Pedro do Coutto – a peça “Perdoa-me por me traíres”. (C.N.)

12 de abril de 2016
Jorge Bastos Moreno
O Globo

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