Acertar é objetivo fundamental para o desenvolvimento de pessoas, empresas e governos. Porém, é dos erros que saem as melhores lições. Infelizmente, nem todos atentam para esse detalhe. O atual governo, por exemplo, insiste em políticas equivocadas, ignorando a lição que poderia ter aprendido do fracasso evidente de sua intervenção no setor energético do país.
Da Petrobras, muito foi roubado e está aí a Lava-Jato para apurar quanto e por quem. Mas muito também se perdeu por conta dos erros do governo. No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o represamento dos preços dos combustíveis, para conter a inflação, provocou prejuízo superior a R$ 100 bilhões ao caixa da estatal. Naquele período, o barril de petróleo estava acima de US$ 100 no mercado internacional, e o governo, intervencionista, não permitiu que a petroleira ajustasse o preço nas bombas.
Na semana passada começou, sob a sombra, nova interferência do Palácio do Planalto na Petrobras. A diretoria ensaiou reduzir os preços da gasolina e do diesel. Afinal, o barril de petróleo caiu abaixo dos US$ 40, e a companhia, que antes enfrentou a defasagem, agora recebe o prêmio da diferença entre os valores cobrados nas bombas e no mercado mundial.
Como o governo precisa de uma agenda positiva a todo custo - baixar o preço da gasolina seria um bom começo -, tentou intervir. O que conseguiu foi criar polêmica entre conselho de administração e diretoria, e derrubar as ações da estatal, que despencaram 9% em um dia. Não bastasse ter reduzido a Petrobras a 15% do que já foi um dia, o Executivo insiste em tirar valor de mercado da empresa.
Persistindo nos erros, o governo quer reduzir a fatura de energia na marra. Agiu precipitadamente ao provocar a troca da bandeira tarifária de amarela para verde em abril, eliminando o acréscimo pago por geração térmica. Especialistas garantem que será necessário manter termelétricas ligadas. Os reservatórios, embora em níveis satisfatórios, podem não permanecer assim até o fim do período seco, que ainda nem começou. Mais uma vez, o governo esqueceu que foi sua intervenção que desestruturou o setor elétrico a ponto de as tarifas dispararem mais de 100% no ano passado. Como consumidores, queremos contas de luz mais baixas e gasolina barata. Mas não há almoço grátis. Sempre pagaremos, lá na frente, por erros cometidos agora. Sobretudo, se mais lições forem perdidas.
12 de abril de 2016
Sinone Kafruni, Correio Braziliense
Da Petrobras, muito foi roubado e está aí a Lava-Jato para apurar quanto e por quem. Mas muito também se perdeu por conta dos erros do governo. No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o represamento dos preços dos combustíveis, para conter a inflação, provocou prejuízo superior a R$ 100 bilhões ao caixa da estatal. Naquele período, o barril de petróleo estava acima de US$ 100 no mercado internacional, e o governo, intervencionista, não permitiu que a petroleira ajustasse o preço nas bombas.
Na semana passada começou, sob a sombra, nova interferência do Palácio do Planalto na Petrobras. A diretoria ensaiou reduzir os preços da gasolina e do diesel. Afinal, o barril de petróleo caiu abaixo dos US$ 40, e a companhia, que antes enfrentou a defasagem, agora recebe o prêmio da diferença entre os valores cobrados nas bombas e no mercado mundial.
Como o governo precisa de uma agenda positiva a todo custo - baixar o preço da gasolina seria um bom começo -, tentou intervir. O que conseguiu foi criar polêmica entre conselho de administração e diretoria, e derrubar as ações da estatal, que despencaram 9% em um dia. Não bastasse ter reduzido a Petrobras a 15% do que já foi um dia, o Executivo insiste em tirar valor de mercado da empresa.
Persistindo nos erros, o governo quer reduzir a fatura de energia na marra. Agiu precipitadamente ao provocar a troca da bandeira tarifária de amarela para verde em abril, eliminando o acréscimo pago por geração térmica. Especialistas garantem que será necessário manter termelétricas ligadas. Os reservatórios, embora em níveis satisfatórios, podem não permanecer assim até o fim do período seco, que ainda nem começou. Mais uma vez, o governo esqueceu que foi sua intervenção que desestruturou o setor elétrico a ponto de as tarifas dispararem mais de 100% no ano passado. Como consumidores, queremos contas de luz mais baixas e gasolina barata. Mas não há almoço grátis. Sempre pagaremos, lá na frente, por erros cometidos agora. Sobretudo, se mais lições forem perdidas.
12 de abril de 2016
Sinone Kafruni, Correio Braziliense
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