Três partidos do chamado “Centrão” – PP, PR e PSD – ainda não fecharam todas as portas para o vice-presidente Michel Temer (PMDB). Lideranças dessas siglas admitem que poderão despejar votos em favor do impeachment caso “fatos novos” ocorram nesta semana durante a reta final para o início da votação do pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Um caso emblemático é o do PP. O presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), anunciou na quarta-feira que o partido decidiu ficar na base do governo, sinalizando que a grande parte dos 47 deputados poderá votar contra o impeachment. Contudo, a aliados próximos, Ciro revelou que “tudo pode mudar”, pois o ambiente é de ainda “muita instabilidade”.
É por esse motivo que aliados de Temer não cessaram suas conversas com o “Centrão”.
PLANALTOS
Nos últimos dias, o Palácio do Planalto deu como certa a adesão desses partidos ao governo. O ministro do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, chegou a afirmar que “o impeachment será enterrado”. No Congresso, no entanto, a avaliação geral é de que “o jogo ainda não acabou”.
Uma nova delação premiada ou a deflagração de mais uma etapa da Operação Lava Jato são fatos que vão interferir no ânimo dos deputados. “A Câmara, muitas vezes, age de forma mais emocional que racional”, avaliou o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que está em quinto mandato e já anunciou voto contra o impeachment.
Barros é filiado ao PP há 19 anos e conhece bem as idiossincrasias do partido. “Em qualquer governo, o PP sempre vai querer ser governo”, disse.
PR NA INDECISÃO
O PR vive situação similar. O partido apoia o governo do PT desde 2003, quando ainda se chamava PL. De lá para cá, apesar de alguns desentendimentos, o partido permanece na base aliada. Em 2012, a bancada do PR no Senado anunciou rompimento com o governo após a demissão de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes.
Na bancada da Câmara, nunca houve esse risco. Apesar de ter sido condenado por envolvimento no mensalão, o deputado Valdemar Costa Neto (SP) é ainda a principal liderança da sigla e defende o voto contra o impeachment. Contudo, há divisões na bancada. O próprio líder Maurício Quintella (PR-AL) se diz “indeciso”.
PSD DIVIDIDO
O PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), está dividido entre salvar e afastar Dilma. Kassab foi prefeito de São Paulo eleito pelo oposicionista DEM. Em 2011, no entanto, ele resolveu criar o PSD para se aproximar do governo Dilma Rousseff.
Apesar de ocupar um cargo na Esplanada dos Ministérios, Kassab é muito afinado com o senador José Serra (PSDB-SP), um dos principais interlocutores de Temer em Brasília. Em São Paulo (seu Estado de origem), Kassab atua contra o PT.
11 de abril de 2016
Adriano Ceolin
Estadão
Vamos esclarecer uma coisa: centrão não é indicativo de alguma posição ideológica ou programática, mas apenas significa que ficar no centro, facilita escolher para que lado ir, segundo as melhores conveniências... Estar no "centrão" também não é neutralidade, apenas esperteza. Não estão nas galerias, estão nos camarotes.
m.americo
Nenhum comentário:
Postar um comentário