Indicado ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Lula vê seu atual índice de rejeição superar inclusive o registrado pelo peemedebista Ulysses Guimarães na campanha eleitoral de 1989, de 52%, que até então era o mais alto da história.
Antes desse levantamento, a pior taxa de rejeição do petista, de 47%, tinha sido em novembro de 2015. A maior rejeição em anos eleitorais, de 40%, foi em 1994, quando ele perdeu para o tucano Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo entre os mais pobres, Lula já é rejeitado por metade (49%) da população. O índice cresce conforme o avanço da renda familiar e chega a 74% entre aqueles que ganham dez ou mais salários mínimos por mês.
FORO PRIVILEGIADO
A pesquisa mostra que para a grande maioria dos eleitores, Lula só aceitou o cargo de ministro no governo Dilma para obter foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal) e, assim, escapar das ações do juiz Sergio Moro nas investigações da Operação Lava Jato.
São 68% os que veem esta motivação, ante apenas 19% que acreditam que Lula tenha aceitado o cargo para ajudar o governo Dilma.
Na mesma linha, 73% dos entrevistados acham que a presidente agiu mal ao convidar Lula para assumir uma pasta em seu ministério; só 22% aprovaram a iniciativa.
“A grande maioria da população decodifica o convite a Lula como uma tentativa de livrá-lo das investigações da Lava Jato e da Justiça, e não como algo que pudesse ter alguma ajuda para o governo de fato”, afirma o diretor de Pesquisas do Datafolha, Alessandro Janoni.
APOIO A MORO
O instituto também perguntou a opinião dos entrevistados sobre o fato de o juiz Sergio Moro ter obrigado o ex-presidente a depor de forma coercitiva na Polícia Federal no início de março, a fim de obter declarações sobre um sítio em Atibaia e um tríplex em Guarujá –que, acredita-se, pertencem a Lula.
Para 82% dos entrevistados, o juiz agiu bem. Apenas 13% condenaram a decisão, criticada por alguns juristas.
O Datafolha também fez uma consulta espontânea aos entrevistados perguntando qual o melhor presidente que o Brasil já teve. Lula ainda é o mais citado, embora seu percentual tenha oscilado negativamente, de 37% em fevereiro para 35% agora.
Em novembro do ano passado esse índice era de 39% e, no auge de sua popularidade, em 2010, alcançou 71%.
Os números revelam que, desde que deixou a Presidência da República, Lula perdeu metade de seu prestígio.
22 de março de 2016
Fernando Canzian
Folha
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