No desespero de quem já não tem o que dizer, Dilma Rousseff anda abusando do recurso de se passar por vítima da malvadeza dos inimigos do povo e de se defender de acusações que não lhe são feitas. Na quarta-feira passada, em verdadeiro comício em que se transformou a 3.ª Conferência Nacional da Juventude, em Brasília, Dilma atacou “aqueles que tentam interromper um mandato popular conquistado legitimamente nas urnas”: “(Eles) sabem que têm de usar de artifícios, porque não conseguirão nada atacando minha biografia, que é conhecida. Sou uma mulher que lutou, amo o meu país. E eu sou honesta”.
Ora, ninguém acusou a presidente da República de não ser honesta, no sentido de meter a mão no dinheiro público, esporte predileto de muitos figurões da República, grande parte deles bem próxima dela, conforme revela fartamente a cobertura diária das ações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). Cabe observar, de qualquer maneira, que honestidade, de modo muito especial na vida pública, não é mérito. É obrigação. Não cabe, portanto, a chefe do governo gabar-se de estar cumprindo, pelo menos, essa obrigação.
Além disso, honestidade na vida pública não significa apenas respeitar os códigos morais e penais abstendo-se de colocar o poder a serviço da própria conta bancária. Registre-se, portanto, que não existe nenhuma evidência clara de que Dilma Rousseff se tenha beneficiado materialmente da corrupção generalizada que tomou conta de seu governo, conforme comprovam, mais uma vez, a PF, o MPF e os magistrados que não se cansam de colocar atrás das grades presidentes e tesoureiros do PT, diretores de estatais, empresários amigos dos poderosos e até mesmo um líder do Planalto no Senado Federal. A única dúvida que fica é sobre como é possível que tanta corrupção no governo tenha escapado ao conhecimento de uma mandatária tida como severa e centralizadora.
Honestidade é, portanto, não roubar (ou deixar roubar). Mas é também, para agentes públicos, cumprir o prometido e não prometer o que não pode ou não se dispõe a fazer. Consideradas as coisas dessa maneira, Dilma Rousseff precisa fazer, com urgência, um exame de consciência.
Vejamos, por exemplo, a questão da corrupção no governo, da qual Dilma se exime com o argumento de que jamais colocou no bolso um tostão do erário. Em seu discurso de posse do segundo mandato, há menos de um ano, Dilma foi categórica: “Democratizar o poder significa combater energicamente a corrupção. A corrupção rouba o poder legítimo do povo. A corrupção ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem. A corrupção deve ser extirpada”.
Pior do que isso: Dilma promete o que não tem a intenção de cumprir. Em outras palavras, mente - o que não é nada honesto. Foi o que fez durante a última campanha eleitoral, quando acusou seus opositores, Marina Silva e Aécio Neves, de conspirarem contra as conquistas trabalhistas, para propor depois exatamente restrições a essas conquistas nas medidas necessárias ao ajuste fiscal que apresentou ao Congresso.
Não se pode levar a sério, enfim, quem afirmou no já mencionado discurso de posse, em janeiro: “Dedicarei obstinadamente todos os meus esforços para levar o Brasil a iniciar um novo ciclo histórico de mudanças, de oportunidades e de prosperidade, alicerçado no fortalecimento de uma política econômica estável, sólida, intolerante com a inflação, e que nos leve a retomar uma fase de crescimento robusto e sustentável, com mais qualidade nos serviços públicos.
Ora, ninguém acusou a presidente da República de não ser honesta, no sentido de meter a mão no dinheiro público, esporte predileto de muitos figurões da República, grande parte deles bem próxima dela, conforme revela fartamente a cobertura diária das ações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). Cabe observar, de qualquer maneira, que honestidade, de modo muito especial na vida pública, não é mérito. É obrigação. Não cabe, portanto, a chefe do governo gabar-se de estar cumprindo, pelo menos, essa obrigação.
Além disso, honestidade na vida pública não significa apenas respeitar os códigos morais e penais abstendo-se de colocar o poder a serviço da própria conta bancária. Registre-se, portanto, que não existe nenhuma evidência clara de que Dilma Rousseff se tenha beneficiado materialmente da corrupção generalizada que tomou conta de seu governo, conforme comprovam, mais uma vez, a PF, o MPF e os magistrados que não se cansam de colocar atrás das grades presidentes e tesoureiros do PT, diretores de estatais, empresários amigos dos poderosos e até mesmo um líder do Planalto no Senado Federal. A única dúvida que fica é sobre como é possível que tanta corrupção no governo tenha escapado ao conhecimento de uma mandatária tida como severa e centralizadora.
Honestidade é, portanto, não roubar (ou deixar roubar). Mas é também, para agentes públicos, cumprir o prometido e não prometer o que não pode ou não se dispõe a fazer. Consideradas as coisas dessa maneira, Dilma Rousseff precisa fazer, com urgência, um exame de consciência.
Vejamos, por exemplo, a questão da corrupção no governo, da qual Dilma se exime com o argumento de que jamais colocou no bolso um tostão do erário. Em seu discurso de posse do segundo mandato, há menos de um ano, Dilma foi categórica: “Democratizar o poder significa combater energicamente a corrupção. A corrupção rouba o poder legítimo do povo. A corrupção ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem. A corrupção deve ser extirpada”.
Essa fala é de janeiro de 2015, mas é de supor que a convicção de que “a corrupção deve ser extirpada” Dilma já a tinha quatro anos antes, quando assumiu a Presidência pela primeira vez, e até mesmo quando fez parte do primeiro escalão do governo Lula como ministra de Energia, chefe da Casa Civil e “mãe do PAC”, e até como presidente, por muito tempo, do Conselho de Administração da Petrobrás.
A conclusão mais condescendente a que se pode chegar é a de que Dilma fracassou totalmente no propósito de “combater energicamente” a corrupção. Não conseguiu, ou não quis, cumprir o que prometeu.
Pior do que isso: Dilma promete o que não tem a intenção de cumprir. Em outras palavras, mente - o que não é nada honesto. Foi o que fez durante a última campanha eleitoral, quando acusou seus opositores, Marina Silva e Aécio Neves, de conspirarem contra as conquistas trabalhistas, para propor depois exatamente restrições a essas conquistas nas medidas necessárias ao ajuste fiscal que apresentou ao Congresso.
Não se pode levar a sério, enfim, quem afirmou no já mencionado discurso de posse, em janeiro: “Dedicarei obstinadamente todos os meus esforços para levar o Brasil a iniciar um novo ciclo histórico de mudanças, de oportunidades e de prosperidade, alicerçado no fortalecimento de uma política econômica estável, sólida, intolerante com a inflação, e que nos leve a retomar uma fase de crescimento robusto e sustentável, com mais qualidade nos serviços públicos.
Assumo aqui um compromisso com o Brasil que produz e com o Brasil que trabalha”. Verba volant, como alguém escreveu recentemente.
21 de dezembro de 2015
Estadão
21 de dezembro de 2015
Estadão
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